Desvãos
Faltam-me os versos, o pulsar da palavra
Fecham-se em conchas as mãos rumorosas
Apaziguam a inquietude, o desvario, o desatino
Adormecendo a saudade, a taquicardia da ausência
Parece que tudo foi dito no silêncio de agora
Ainda que o peito guarde luas, gestos e cheiros
E as estrelas contemplem os suspiros, as confissões
Os botões de rosas colhidos no encontro de cada olhar
Há no corpo, impaciência e descaminho
Lábios desnudos de beijos a soluçarem
Carícias que não querem apenas ser lembranças
A fotografarem a memória de arrepios...
© Nandinha Guimarães
Em 20.10.01
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