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Erotico-->O "rego" da Santinha ( conto ) -- 28/06/2009 - 01:15 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




















Cisterna do Poeta


Chayra era uma loura platinada, mas não se pode dizer que tinha muito glamour. Seus cabelos pálidos alourados estavam sempre puxados, para formar um rolo ordenado em seu pescoço. Os olhos azuis, também bastante pálidos, mostravam nela inteligência, por trás das lentes grossas que usava. O rosto apesar de bastante inexpressive...


CARLOS CUNHA













O “rego” da Santinha




Todos os alunos daquela classe achavam aquela professora uma velha muito chata, e chata de fato ela o era. Não era na verdade uma velha, mas uma mulher amargurada que, com uma idade já avançada, vivia uma vida solitária e cheia de preconceitos. Eram jovens adolescentes cheios de vida que adoravam fazer chacota e brincadeiras na aula dela.
Eles a chamavam de: “a coruja velha”.


Pouco antes de começar a aula, naquele dia, alguns alunos estavam na cantina á espera do sinal. Entre eles se encontravam a conversar o Jojô, a Santinha e o Felipe. Eles comentavam que a primeira aula ia ser com “a coruja velha” e planejavam o que iam aprontar com ela naquele dia:

- Puxa, logo na primeira aula nós vamos ter e agüentar a “coruja velha”. Vai ser a maior chatice, a Santinha dizia em tom de reclamação.

- É, toda aula com a velha é o maior “pé no saco”, o Felipe comentou em concordância com a insatisfação da amiga.

- Eu também concordo com vocês, mas a gente podia fazer algo para animar a aula, o Jojô falou com um jeito bem peralta.

- O que, por exemplo, o Felipe perguntou?

- Isso depende da Santinha topar.

- De mim? O que você está querendo aprontar Jojô?

- Só estava pensando em chegar na aula e...


A classe estava em silêncio, com os alunos quietos e compenetrados, fazendo os cálculos que a professora tinha passado enquanto ela corrigia algumas provas, quando o Jojô perguntou pra Santinha, numa altura de voz que todos poderiam ouvir:

- Santinha, como é que está o seu rego?

- Está melhor. Um pouco inchado ainda, mas melhorou bastante e você não precisa se preocupar com ele, ela respondeu.

Entre os muitos risinhos abafados que os outros alunos deram á professora, com a cabeça abaixada, olhou por cima dos óculos de lentes pequeninas e muito grossas, perguntou:

- Que conversa é essa de vocês, já falei que não quero que fiquem falando bobagem em minha aula?

- A gente não está falando bobagem não professora, o Jojô só está preocupado comigo.

- Ta bom, ta bom. Agora façam o calculo que eu mandei em silencio, a “coruja velha” falou para não levar aquela conversa mais longe.

Todos voltaram ao que estava fazendo e alguns instantes depois a voz do Felipe foi ouvida, bem baixinha, mas numa altura que dava para a professora e o resto dos colegas escutarem:

- Seu rego está inchado, Santinha?

- Ontem estava bastante, mas com aplicação de bastante salmoura está quase bom, a menina respondeu na mesma altura de voz que o rapaz havia falado, como se quisesse que a conversa fosse só entre eles.

- Estava inchado pra burro cara, eu vi quando fui a casa dela ontem, o Jojô falou para o Felipe, se intrometendo na conversa dos dois, como se estivesse com pena dela.

A professora, com muita irritação na voz, falou para eles:

- Vocês três querem fazer o favor de pararem com essa conversa absurda e terem mais respeito dentro da sala de aula. Quando já se viu ficar falando essas bobagens em minha frente e na dos seus colegas!

- Ninguém está falando bobagem não professora, nós só estamos preocupados com a Santinha, que é muito nossa amiga! - o Jojô respondeu com a maior “cara de pau”.

- Só que isso não é conversa para se ter em público. Quando já se viu ficar falando essas besteiras na frente de todo mundo!

- Então a senhora acha que se preocupar com uma amiga é bobagem, o Felipe perguntou cheio de sarcasmo?

- Não, não acho. Só que o assunto em que vocês estavam falando é muito feio e uma grande falta de respeito de vocês.

- Feio por que Professora, a Santinha perguntou expressando uma inocência fingida na voz? Eles só perguntaram se ainda estava inchado como ontem, quando o Jojô viu.

As risadas entre os colegas de aula foram contidas com muito custo. Os rapazes no fundo da classe colocavam os seus rostos atrás dos cadernos, para esconderem a vontade de rir, e as garotas tampavam suas bocas com as mãos para segurar o riso que morria de vontade de se soltar. A professora estava ficando apopléctica com o rumo da conversa. Seus olhos piscavam sem parar, atrás de seus óculos, e sua voz tremia quando falou:

- E isso é pergunta que seja feita em uma sala de aula: - “Se o seu... o seu... ainda está inchado?”. É muito descaramento. Vou suspender os três por uma semana e deixá-los sem nota este mês.

- Não estou entendendo à senhora, dona Eurídice. Vai nos punir só por isso, o Jojô perguntou com o maior descaramento?

- Vou sim. E vou ter uma conversa com os pais de vocês três ainda hoje.

- Com o meu pai e com o do Jojô a senhora pode até falar professora, o Felipe disse para dona Eurídice. Só que o pai da Santinha a senhora vai ter de esperar até ele ficar bom e se eu fosse à senhora nem falava pra ele não ficar chateado ao saber que foi a causa disto tudo.

- Como assim menino? O que você está falando?

- A senhora sabe o nome todo da Santinha, não sabe?

- Claro que sei. É: Santinha Guimarães do Rego.

- E também sabe o do pai dela, não é?

- É claro que sei, ele está sempre presente em todas as reuniões da escola.

- Então a senhora também sabe como ele é conhecido, não sabe.

- Sim, todos o chamam de seu Rego.

Então professora. A nossa preocupação é com o pai dela que estava com um dente inflamado e com a cara toda inchada quando estive na casa dela ontem, o Jojô falou segurando-se para não rir. Eu e o Felipe só estávamos preocupados com o pai da Santinha e por isso perguntamos se ele estava melhor, ou a senhora estava pensando que nós estávamos falava de outro rego?!

- Que mente podre a senhora tem professora, a Santinha comentou de uma maneira muito séria também segurando o seu riso.

A classe toda, não se agüentando mais, caiu numa enorme gargalhada e a pobre professora ficou muito vermelha e sem jeito, não sabendo o que falava para eles naquele momento.




CARLOS CUNHA
O Poeta sem limites



















Briana Banks







Arquivo do Poeta / Flagrante de adultério




Flagrante de adultério

Tantos anos de casados, os filhos já crescidos e independentes.
Tudo tinha começado quando ela ainda era uma menina inocente. Apaixonara-se, entregara-se ao homem que estava amando e as suas juras de amor eterno! Acima de tudo acreditara nelas e agora aquilo lhe estava acontecendo...


Não dava mais pra segurar! A relação dos dois tinha chegado ao fim, pois já a bom tempo estava pautada pela desconfiança e aquela tinha sido a gota final. Tinha sido algo terrível para ela, que matou aos poucos seu mundo de afeto o secando e murchando até que não restasse mais que a casca vazia da aparência entre eles. Aquele tinha sido o segundo flagrante que ela dava em seu marido quando este a traía. O primeiro tinha sido com a empregada e agora o tinha encontrado na cama uma de suas melhores amigas.
Foi por causa da habilidade que ele tinha em conseguir dar a volta aos assuntos, que o ponto de ruptura não foi atingido naquela primeira vez. Ele disse que a empregada o seduzira com uma conversa chorosa e ela apenas os apanhara dando um beijo fugaz.

- Ela aproveitou-se de mim no momento em que eu apenas queria lhe dar um apoio num episódio difícil que dizia estar a passando...

Mas agora não havia mais argumentos. Justo a sua melhor amiga deitada nua com ele na mesma cama que realizavam suas noites de amor. Não havia desculpa que ele pudesse arranjar.
Lágrimas de raiva surgiram-lhe nos olhos e ela cravou as unhas nas palmas das mãos. Estava realmente possessa! Pensou em entrar e derrubar tudo, mas afinal o que isso adiantaria? Voltou para trás, desceu as escadas sem fazer nenhum ruído e saiu de casa.
Ao ver-se lá fora se sentiu estranhamente calma. Naquele momento a sua mente era um mar de confusões e ciúmes. Abriu a bolsa, retocou a maquiagem e foi para o escritório. Lá teve uma tarde horrível, em foi obrigada a ir várias vezes ao banheiro para retocar novamente a maquiagem por causa das lágrimas que toda ora caíam dos seus olhos.
Quando entardeceu voltou a pé para casa, com intenção de retardar ao máximo sua chegada a ela, e parou em vários lugares pelo caminho. Estava quase nela quando entrou num restaurante e sentou-se sozinha numa mesa, pediu uma bebida e se pos a meditar:

“Que farei agora? Não há mais amor em mim, mas ele é rico e me dá conforto e segurança. Posso “levantar o barraco” e pedir o divorcio, mas o que tenho a ganhar com isso? Se ao menos encontrasse uma maneira de fazer essa dor que sinto não ser tão forte”.

Nesse momento, em que era atormentada por esses pensamentos e dúvidas, reparou que um homem que trajava um terno claro olhava para ela, na mesa ao lado, e que seus olhos negros era um espelho do grande interesse que sentia por ela. Fixou seu olhar no dele e lhe deu um sorriso meigo enquanto pensava:

”Mas é tão fácil aliviar esta dor... É só pagar o desgraçado com a mesma moeda!”.

Ela chegou a sua casa bem tarde naquela noite e o marido já estava dormindo. Não o acordou, deitou-se ao lado dele e viu que não sentia mais raiva. Custou a dormir e passou o tempo, de espera pelo sono, a relembrar os momentos maravilhosos que tinha passado nos braços de seu primeiro amante.




"Amor com amor se paga, só que a mesma lei é válida para o desamor e a traição"




CARLOS CUNHA / o Poeta sem limites




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