Inserido no Processo de Deboche em Curso (PDEC), Quinto “D”, apresentam-se na TV, chulecos a que se dá agora o nome mais pomposo de gigolôs desde a sua inserção como uma actividade paraturística que se exerce em colaboração com unidades hoteleiras das áreas de lazer algarvias e não só, frequentadas por estrangeiras carentes de macho.
Ao contrário das nossas empresárias do Relax (leia-se prostituição) que, perante as câmaras, emitem, seguras do seu profissionalismo, a sua douta opinião sobre se é melhor na praia, na areia, debaixo de água ou na cama, estes proxenetas, agora denominados gigolôs, viram-se de repente promovidos a uma espécie de operadores turísticos, sem terem tempo de se prepararem para fazer frente às exigências da sua nova condição das quais faz parte a sua aparição nos meios de comunicação social. Assim, apresentam-se boçais, sem elegância de expressão, destacando-se apenas a gabarolice própria dos aficcionados da pesca ou da caça. Outros com um visual já ultrapassado, à galã sul-americano dos filmes de Hollywood dos anos quarenta, os “latin lovers”, contam, numa linguagem em que a gabarolice e as poses cinéfilas estão sempre presentes, as suas façanhas como touros de cobrição da vacaria que chega da estranja com cio, esfomeadas pela nova orientação sexual dos seus machos. Eles conseguem aviar sete por noite! E, perante as câmaras da nossa debochada TV privada, ávida de audiências, chegam ao cúmulo de mostrar com todo o despudor, a ferramenta já desgastada, para atestar a sua larga actividade profissional.
Como em muitas actividades do nosso país, na senda do progresso, a preparação e a actualização de modos, meios e visual destes operadores, deixa muito a desejar. Autêntica sucata, já obsoleta. No meio em que se movimentam, no chamado turismo de massas não se pode exigir que sejam uns Valentinos ou Porfírios (Rubirosas) da actualidade. É óbvio que as “Messalinas” ninfomaníacas que frequentam as nossas estâncias algarvias não são tão exigentes como eram as “madames” que frequentavam a Côte d’Azur, no século passado e qualquer macho latino, germânico ou africano as satisfaz, dado o culto da forma mais ignóbil do sexo que se pratica na actualidade.
Mas eles, coitados, não têm culpa e até ficam admirados por lhes darem tanta importância! Ficam surpreendidos por estarem tanto em voga, só porque ganham a vida duma forma que, ainda há pouco tempo, era condenável. Foram surpreendidos com a inversão de valores e a importância que o sexo alcançou no processo em curso, a caminho do Grande Bordel em que Portugal e o Ocidente se estão a transformar!
4.Outubro.2000
Reinaldo Beça
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