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Cronicas-->Sete Possíveis Destinos -- 02/05/2012 - 16:59 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Agora que o mar chega até aqui, onde me escondi antes do Grande Dilúvio, eu posso finalmente descansar. Havia meses que eu tinha sonhos estranhos, onde Adonai saía do mar ou antes, entrava com sua pequena lâmpada dentro da barriga da baleia, não sem antes hesitar e finalmente, após longa meditação, conformar-se com o seu destino.  Ele dizia, entre palavras outras ininteligíveis, sussurrava estranhas preces e em uma delas eu consegui ouvi o que dizia, "preparai-vos para o que virá, pois que da Boca do Infinito emergirá o grande Estranho que precipitará o desconhecido sobre as cabeças dos ímpios" e eu apavorado lhe perguntava sobre o que seria este precipitar e Adonai então, agitava um estranho pergaminho aonde eu podia ver grande parte do Mundo submerso. Eu costumava contar estes sonhos incongruentes à minha então esposa (que as águas do todo poderoso a cubram de paz aonde quer que ela esteja agora), mas ela fazia sempre a mesma coisa; no início, achou que eu estava estressado, talvez cansado de sempre trabalhar por horas seguidas sempre com a mesma tenacidade. Coisa de excesso de trabalho. No entanto, os sonhos se tornaram mais frequentes e eu acordava em meio à noite, ainda mergulhado nas águas do sono e em meio a tormentas de gigantescas ondas. Foi quando ela me disse, certa vez, que eu estaria com "complexo de Noé" ou coisa parecida. Minhas filhas se afastaram, eu tive a impressão de que elas me olhavam feito eu fosse um louco furioso quando certo dia fui fazer um agrado em uma delas, em sua cama, e ela me chutou meio que adormecida, pondo-me para fora do quarto aos gritos de "fora daqui, saia do meu quarto, seu doente..." e eu saí, abismado e triste. Já nesta época eu comecei a receber pequenas mensagens escritas e eu já não sabia se eram de mim para mim mesmo ou se eram colocadas por outras vias, sempre dentro de meus livros, dentro da carteira, até sob a porta do quarto. Um dia, eu cheguei em casa e não havia mais nada de minha família lá; procurei, em vão, até o cachorro desaparecera. Ouvi um ruído, eu pesnei ser uma delas (sempre chegavam tarde, mesmo antes de tudo acontecer...). Havia um homem, alto e de cabelos brancos, expressão indefinível. Eu diria que se parecesse com uma espécie  de guia. Se eu o encontrasse hoje, talvez eu o confundisse com um vendedor de roupas, tal a sua simplicidade no ar despojado. No entanto, quando ele abriu a boca, fui obrigado a ouvir, tal a profundidade de sua voz e a gravidade de seu olhar.

--O que fêz com minhas filhas? Aconteceu-lhes algo?

--Interessante, quer saber de suas filhas, quando o grande estranho aqui sou eu.

--Quem é você?

--Depende de quem está do outro lado. Posso ser sete coisas, posso ser sete pessoas. Posso ser sua redenção, ou sua perdição. Seu destino passa por várias metamorfoses, você bem o sabe.

--Sei. O que isto tem  a ver com o sumiço de todos aqui?

Ele me explicou. Explicou-me que minha esposa já duvidava de minha sanidade mental. Explicou que as filhas choravam de medo pois achavam que eu poderia de madrugada acabar com todos dali, ou coisa pior. Ele me explicou que o que eu sabia, eu o sabia só para mim e que elas jamais saberiam um décimo do que eu já tinha em mente, se é que algum dia já o souberam; cada um carrega em sua mente as marcas de uma verdade que é própria, cada um carrega em si as marcas indeléveis de uma lenda que é só a sua e mais de ninguém. Ele me explicou que meus sonhos eram proféticos.

--Quer dizer...

--...Que você está certo. Que elas estão erradas e erraram mais ainda ao lhe abandonar assim, à própria sorte. Seres assim não merecem a chancela do Absoluto. Talvez fosse melhor assim, porque a verdade pode ser dolorosa a muitos, tanto que há os que preferem viver sob uma bruma de mentira a se tostarem sob o sol da verdade pura.

--...Então?

Então ele me falou dos sete Rishis, do Incognoscível e de suas manifestações; falou-me das cinco raças que existiram na Terra e da sexta a caminho. Disse-me da ligação de tudo com todos e com todo o Universo, tanto o manifestado como o não manifestado; Perguntei a ele se eu existiria ainda depois disso, e ele disse que sim. Se eu chegara até ali ao ponto de acreditar no que eu vira, então eu sobreviveria. Ele me contou do longo caminho que haveria de percorrer, sob os sóis do mundo, por sob as faces de tantos incrédulos, até chegar ao topo e esperar...

Agora, sob o ruído das ondas que  batem nas antes altas encostas das montanhas, eu vivo meu dia a dia, aguardando a chegada de meu destino. Pois que após o sétimo dia de minha chegada, eles disseram que os Sete desceriam do Absoluto para nos ensinar os sete possíveis destinos do que antes fora um mundo todo; agora éramos poucos e, apesar da saudade invencível do que eu já fora ( e todas as lágrimas eu vertera num verdadeiro Oceano de pranto que eles consolaram...), eu já me acostumara ao dia em que, apesar de tudo e por tudo isto que eu passara, valera a pena esperar pelos sete possíveis finais.

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