Texto publicado na edição de Abril/2012, do JR - NOTÍCIAS (www.jornalnoticias.com.br).
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Recém chegado de Sertãozinho, agora em São Paulo, foi que conheci a pessoa que veio a fazer a capa do meu primeiro livro, moço simples, negro e tímido, de excepcional dom artístico.
Pensava ser caricaturista. Um dia convidou-me para um lançamento de livro, na Avenida São Luiz, perto da Praça da República. Lácute; vou eu!... Nem sabia como me vestir para tal, nem como me portar... Eu nunca fora a tal evento. Coisa maçante, eu pensei.
Lácute; estava um dos autores --- eram dois --- um dos quais, Rivaldo Chinen, que veio a escrever mais tarde a respeito da minha estreia literácute;ria. O outro autor, naquele lançamento, era um rapaz moreno, então magro; um sujeito bacana, pensei. O Maurício Pestana, meu companheiro, apresentou-me a ambos.
Lembro que aquele moço, cujo nome soube ser Tim, apertou minha mão, não mostrando surpresa por eu estar tão tímido, suando, engasgado. Foi bem simpácute;tico, acho que compreensível, e logo pegou um exemplar do livro ora lançado, autografou, passando-o ao seu companheiro, que fez o mesmo.
Eu estava irrequieto, querendo ir logo embora, de tanta timidez! Suava, suava, estaria vermelho por certo, tinha vontade de sair correndo dali! Tentei entabular conversa, não sei o que falei; faz tantos anos!... Mas achei que deveria manter amizade com eles. Mais tarde voltei para a rústica pensão da Rua Mauácute;, e todo alegre. Tinha um livro autografado! O primeiro livro autografado a gente nunca esquece... Sério! Ainda mais em se tratando deste, e jácute; saberão por quê.
Dos três, o primeiro que sumiu foi o Tim, talvez porque eu também não o tenha procurado. O segundo foi o Rivaldo, que chegou até a publicar uma
resenha sobre o meu livro, e teria me procurado para entrevistar. Eu, tímido, evitei-o, ‘fugindo’ para minha cidade natal. E por motivos alheios, cada qual seguiu seu rumo.
E eis que, decorrido quase trinta anos, certo dia deparo com uma notícia extraordinácute;ria na TV sobre o desaparecimento de um repórter chamado Tim.
Fui à estante. Peguei o meu primeiro livro autografado*. Estava ali... Era ele mesmo, --- TIM LOPES.
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* Terror Policial, de Rivaldo Chinem e Tim Lopes, Global Editora e Distribuidora, São Paulo-SP, 1980.
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ADhemyr Fortunatto
Autor do livro REFLEXÕES DE UM SUJEITO À TOA - 2012 - EDIORA USINA DE LETRAS.
adhemyr_fortunato@yahoo.com.br
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