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cronicas-->2935 - Exemplos -- 25/03/2012 - 16:45 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dia desses fui perguntado se teria algum plano, nem respondi. Apenas disse que olhasse nos exemplos da sua própria vida, servem a mim também. E prá você, se sentindo cansado, exasperado, querendo parar e até se achando morrer antes da hora, falarei de algumas histórias.
Fião, atravessei o rio pela balsa, encostei prá subir o tope só de manhã cedo, não seria fácil. Num tinha o que comê. Fui dormi e já tarde da noite, encostou um automóvel - É bão tirar o caminhão daqui, pois eles abrem as comportas de madrugada e enche até ali em cima. - Tá muito pesado, num vó consegui não. O senhor fique de vigia, vou tentar a pleina aí da cidade em frente. Fião do céu, fui olhar o rio e já tava mais perto, pedi pro Bom Jesus olhar e ajudar, peguei umas cordas e já tava amarrando o caminhão numas árvores, quando escutei o ronco da pleina, lá longe. Será... Sabe, fiquei quietinho, água já no pneu da frente do cara-chato e vroomm, vrumm, vi os faróis chegando, chegando, chegou. - Ó paulista corre, enganche este cabo de aço, ligue o caminhão e acelere comigo, vai enchê agorinha. Subi, dei partida, primeira, ele deu o sinal, ia puxar de ré mesmo, não ia dar tempo de virar. Só escutei vroom, vrooom e saí também, juntei na direção e seja o que Deus quisé, apertei, a pleina arrancou e eu também, subimos juntos aquele tope. Paramos juntos lá em cima. Ele correu, olhou prá mim - Cara, tu tá doido, podia morrer aí em baixo, num pode pará aí não, mas cheguei a tempo, se não passa o automóvel... Agradeci, ele tirou a pleina do mato e foi embora, vrum, vrom, vruummm. Fião, ói como a vida é, quem diria que o hómi iria chamar a pleina. E o senhor ficou nervoso? Fiquei, mas achei melhor acreditar que a ajuda chegaria. E depois... Continuei viajando, tava carregado e precisava descarregar.
Eu saía de bicicleta antes da cinco da manhã, atravessava a Anhanguera e ia trabalhar em Osasco, depois voltava, pegava o trem e ia fazer desenho técnico na Lapa até às onze da noite, num podia nem reclamar, sem o estudo do desenho eu não seria ferramenteiro, precisava ganhar mais, prá ter a minha casa. Vim prá São Paulo sem nada, o sítio não dava mais, vim primeiro, arrumei um cómodo e fui buscar a família. Consegui comprar a metade de um lote com o meu cunhado e fui construir a minha casa, eu mesmo. Hoje, estou bem, tenho cinquenta e dois funcionários, sou o chefe da ferramentaria. Muitas vezes, indo pescar no Antão, na Billings, só eu e ele, na sua Brasília, ficava ouvindo suas peripécias. E o senhor ficou nervoso? Sempre fiquei, mas, fazer o quê, eu tinha que sustentar a minha família, a mesma que você faz parte agora.
O senhor tá bom, tudo em ordem? Está, mas, viu... Vou sábado pai e levarei o dinheiro que o senhor precisa. Ah, que bom. O cê vem sábado então. Escute só, dá prá esperar, só vou contar uma história procê - Sabe, fião, quando a gente tá se afogando, não é preciso tirar a gente de uma vez da água, basta puxar a nossa cabeça prá fora d´água e com uma respirada a gente espera um pouco mais pro socorro. Ó pai já entendi, mando hoje mesmo o depósito na conta. Pois é fião, eu sabia que ocê ia entendê, espero no sábado, chegue cedo prá gente ir no sítio vê os bezerrinhos.
Você viu aí a casa à venda. Quanto será? O senhor pergunta prá mim. Ele estava me levando no seu táxi e fomos conversando sobre o preço e as possibilidades de comprar. Já foi ficando contente só por eu ter aceitado a ideia, sempre me disse prá ter uma casa primeiro e depois um bom carro. Depois me ligou e falou o valor, achei possível e fiquei imaginando como. Ele me falou pra emprestar, me deu coragem. Pela primeira vez ele abriu a sua poupança sagrada e me ofereceu um valor. Aceite e me pague os mesmos juros. Fiz o mesmo com meu pai, também me emprestou um valor e tirou um empréstimo no banco. Mesmo com o apoio fiquei comprando e descomprando a casa uns três dias, até que numa sexta, ouvi lá de São Miguel - Eu sempre tive coragem de fazer as coisas e você sempre me acompanhou, nunca parei, sempre enfrentei e você agora aí com medo da vida. Num quero nem sabê, já fiz o empréstimo, o meu dinheiro tá aqui procê pegar. Pode comprar essa casa aí, ou que homem você é. Compre a casa e não ligue mais prá mim, o dinheiro tá aqui, depois pague. Pronto, tchau. Ainda fui falar com o do táxi e ouvi quase a mesma coisa. Comprei a casa e paguei todo mundo.
As histórias e tenho outras são das convivências com meu próprio pai e com meu sogro, um pai prá mim. Tive a oportunidade de conversar com ambos, cada um cada um, sempre a sós, quando debati a vida e senti a coragem de cada um, a forma de encarar a vida e os problemas advindos. Nunca olharam para trás, só prá frente, cara e coragem. À maneira deles, venho tentando construir a minha, até vinte e cinco de três de doze e bem mais prá frente, esperando que o dono da pergunta acima a responda por si só.
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