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Cronicas-->O Encontro, com Lobo da Costa -- 22/03/2012 - 06:54 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 Certa feita, possivelmente nalguma das minhas viagens solitárias eu ouvi, quem sabe até por ligado o radio, ou retornado ao carro, sem ter prestado a atenção nem no inicio nem no autor, pedaços de um poema:

Um cavaleiro desceu;

Molhado o poncho brilhava

Ao resplendor da saraiva

Que resvalava do céu...

Era um vulto negro... negro...

Trazia enorme chapéu

(...)

E a fria adaga de prata

Bem nos ares suspendeu

Baixou a mão e três vezes

No Alvo seio a embebeu

(...)

 

 

Estes versos marcaram-me bastante, pior, pela certeza que eu dificilmente voltaria a ouvi-los ou lê-los, pois nem o autor eu sabia. Como encontra-los?

Madrugada alta acordo-me de um pesadelo, ainda na duvida se antecedido, de um mal estar sonhado ou verdadeiro. Pesadelo com certeza provocado pelas preocupações da minha esposa para com minha saúde. Posta em risco por alguns pequenos excessos, não tão pequenos assim, cometidos habitualmente por mim. La fora na via Férrea próxima um maquinista traz três locomotivas esgaçadas ao máximo para a ultima rampa antes da antiga gare, apitando desesperadamente em cada travessia de rua. Absurdo, uma linha férrea, ao descaso das autoridades,  cortando o centro da cidade. Vou até a estante em busca de um livro.

Eu sonhei que minha esposa veio acordar-me, assustada ao sentir engasgar-me na minha própria secreção, implorando que procure imediatamente o médico, algo que com certeza se não fosse sonho ela não teria obtido sucesso. A muito entrei em guerra unilateral com a classe médica.

Conta a lenda que um dia bateu desesperado, no inferno um mensageiro  dos Céus pedindo socorro, pois, o Céu fora acorrido de uma violenta epidemia e o único médico existente lá, Dr. Romário Araújo, que em vida trabalhou no longínquo alegrete, encontrava-se assoberbado demais.

No sonho, pesadelo, ao contrario do lógico vi-me bem instalado num quarto hospitalar, Situação confortável pouco duradoura. No retorno de um cigarrinho lá no banheiro coletivo, encontrei minha esposa no corredor enquanto um enfermeiro chaveava, meu quarto eu tinha recebido alta e as pressas despejavam-me. O curioso é que não estava acontecendo só comigo, os corredores estavam sendo entupidos de pacientes e eu debalde queria voltar a meu quarto para apanhar minha bolsa de documentos. Nesse estado de ansiedade, graças a Deus, voltei das profundezas desse pesadelo.

A porta do Hospital, é regulada pelo plano que esta atrás do paciente. Se SUS ela emperra e custa muito a abrir para entrar. Se é um bom plano ou particular ela emperra ao contrario, custa muito a abrir para permitir a saída.

Não consigo ver-me hospitalizado. Situação vivida por mim, nestes longos sessenta e seis anos, uma única vez, há cinquenta e um anos, para sofrer uma cirurgia de apendicite que nunca aconteceu. Talvez o pesadelo tenha sido provocado, além de uma jantinha leve, meio quilo de linguiça empurrado com uma garrafa de vinho, ou pelas histórias, onde uma senhora baixada para histerectomia  total, passa uma semana hospitalizada, sem enxergar, um ginecologista e a final acaba engambelada a dar alta, para novos exames, resultando seu retorno para a fila de espera. Ou o cidadão septuagésimo, que peregrina de porta em porta do SUS para a Prefeitura, para o Hospital, num jogo de empurra e empurra, para ter extirpado um rim morto que apodrece em seu organismo.

Como já disse vou até a estante seleciono ao acaso um livro, um pequeno livro, 96 paginas, 10,5 x 14,8 cm LOBO DA COSTA, Um Bardo Rio-grandense por Benedito Saldanha.

Francisco Lobo da Costa, inúmeras vezes passei por sua estatua, em quadro, na porta da biblioteca publica. A minha vida inteira, até esta madrugada, sempre ouvi falar que havia morrido afogado em uma cova de touro. 

Numa das noites geladas de Vacaria, possivelmente de junho ou julho dos idos de 1968, enquanto tomava um conhaque, ouvi do também poeta, poeta esquecido de Vacaria, autor de Vacaria das Neves, poesia campeã do Rodeio Criolo internacional daquele ano.

Que importa que a humanidade beba se a própria Santidade Cambaleia?

Frase se Lobo da Costa apontando o andor em resposta ao pedido de retirar-se da procissão por estar embriagado.

Perde-se nas brumas da noite do tempo, quando adquiri o costume de iniciar a leitura de um livro abrindo-o em qualquer pagina.  Assim apanhei aquele pequeno livro, abrindo-o  aliatoriamente, Onde ?

Aquele ranchinho. Nos seus versinhos fianais:

E a fria adaga de prata

Bem nos ares suspendeu

Baixou a mão e três vezes

No Alvo seio a embebeu

(...)

 


 

 

 

 

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