"Que sei eu do que serei,
eu que nem sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso ser tanta coisa.
E há tantos que pensam ser a mesma coisa
que não pode haver tantos..."
(Pessoa)
Fernando Pessoa, no devaneio reflexivo de seu pensar, consegue definir com naturalidade a insegurança dos anseios que nos habitam a alma e inquietam frequentemente nosso o coração.
Na verdade somos seres incompletos que buscam, da melhor ou pior forma, pedaços soltos
de um quebra-cabeça gigante que ainda não deu mostras concretas de seu funcionamento.
Ficamos por aí à revelia de sentimentos conturbados atropelando-nos a cada esquina da vida.
Às vezes fazemos o pior na tentativa de melhor viver. E damos com os burros n água ou com o traseiro em arame farpado por não ser aquele o caminho adequado.
E, às vezes, quando improvisamos vem-nos sem esforço meritório as honrarias e sucesso.
Nesse momento a cabeça gira e eu me pergunto:
- Será que quando penso estar errada
é que estou, deveras, certa?
- Quem saberá dizer?
Creio, que, no fundo de todas as coisas
só existe uma dura realidade:
"Vivemos no oceano da vida
cercados por multidões,
e nem percebemos que estamos
irremediavelmente sozinhos..."