Mulheres castas
Que não dispensam seus pudores
Seus corpos são como túmulos
Que encerram prováveis amores
Mulheres puras
Que apenas se atormentam
Com seus devaneios inconfessáveis
Triste sina que pra sempre lamentam
Mulheres rudes
Esqueceram há tempo o amor
E levam vidinha medíocre
Sem gosto, sem cheiro, sem sabor
Mulheres frias
A quem apenas a rotina importa
Sabem muito bem o que perderam
Uma cabeça ativa num jovem corpo de morta
Prefiro ser a profana!
Que sente o desejo latente
Mas não se intimida por ele
Da sua época está sempre um passo à frente
Prefiro ser a devassa
Que sabe a arte do sexo
Que o corpo exige como uma prenda
Sem hora, sem lugar, sem nexo
Prefiro ser a indecente
Que ama, odeia e arde
Que não tem medo de nada
E sabe que a dor também faz parte
Prefiro ser a morfina
Que anestesia a fundo sua dor
Nesses dias e noites insanos
Em que me entrego ao torpor
Portanto, digo a quem só a crítica importa
Sou vida viva, prazer e desejo
E você apenas uma natureza morta!