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Artigos-->Rainha preta do maracatu -- 20/07/2003 - 16:06 (Penfield Espinosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rainha Preta do Maracatu



Penfield Espinosa





rainha preta do maracatu

esse teu rosto

de falso negrume





Ednardo





Dedicado ao Dr Piranha



No maracatu cearense, uma peça teatral dançada, a rainha preta é uma personagem que tem a pele preta. Preta de fato, não o tom de marrom azulado que marca os descendentes de africanos que chamamos de negros.



Assim, mesmo quem seja da etnia negra tem que pintar o rosto de preto para atingir a cor preta necessária à personagem. Quem quer que tenha visto uma foto de Al Johnson vai se lembrar do descendente de judeus russos que tinha de pintar seu rosto com o carvão de rolha queimada para poder cantar jazz, então uma música de negros.



Coisas do racismo made in USA, no começo do século 20.



Então, não é impossível lembrar de outras pessoas que se fizeram passar por negros quando eram brancos. Negros de alma branca tendo -- metafisicamente -- que pintar o rosto para parecer menos brancos. Brancos de alma muito branca, européia, botando força na peruca para parecer negros caricatos. Negros de alma muito negra, africana, que não precisam de tinta alguma.



Outros da mesma alma colocando mais tinta para parecer negros como os brancos vêem os negros, não negros como eles de fato são. Negros na dúvida sobre o que é ser negro, sobre o que é parecer negro.



A cultura e a etnia negras são muito mais difíceis de se entender e de interpretar do que, digamos... a cultura e a etnia judaicas, ou a cultura e etnia árabes. Certamente muito mais do que culturas e etnias européias. Incomensuravelmente mais do que aquelas da América Central, do Sul ou do Norte.



Ainda mais hoje, quando o mundo descobriu que, ao contrário do que pensam os preconceituosos de Ceca e Meca, os africanos negros não se vêem como uma única raça: entre os negros que nosso racismo considera iguais há diferenças abissais de cultura e identidade. Ao ponto de que os massacres, incentivados por diversos especuladores, não são incomuns.



Ser negro parece ser uma situação de muito orgulho e força. Porém, algumas vezes torna-se situação de tristeza e fragilidade.



Uma raça que reúne e resume a espiritualidade e a sensualidade. Que mostra que o calor e a música podem estar na alma. Mesmo quando se é desafinado e frio.





S. Paulo, 14/07/2003





(Copyright © 2003-2010 Penfield Espinosa)

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