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Textos_Religiosos-->ESSE PADRE É UMA PEDRA NO SAPATO DOS CLÉRIGOS -- 17/06/2008 - 21:06 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIÁRIO ABERTO DE PADRE MÁRIO
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2008 JUNHO 17

Os Bispos portugueses estão de novo reunidos em Fátima. Bem poderiam mudar de vez a sua residência para lá, para evitarem ter de andar neste corre-corre entre Fátima e o seu paço episcopal. O problema é que não há em Fátima um palácio episcopal para cada um deles. Cada um tem lá a sua suite privativa, mas não é a mesma coisa que ter um palácio episcopal. E os nossos bispos não dispensam o palácio episcopal. Dá-lhes estatuto social. Não são uns pobretas quaisquer, nem andam assim por aí misturados com a ralé e o pé descalço, muito menos com drogados e prostitutas. Isso era coisa de Jesus, o de Nazaré, que nunca soube escolher as suas companhias, nem manter as distâncias. Os nossos Bispos não vão por aí. Aprenderam com o Grande Inquisidor a corrigir Jesus e a corrigir o Evangelho. Nisso são peritos. Fazem quase tudo ao contrário de Jesus e ensinam quase tudo ao contrário de Jesus. Agora, estão em Fátima, desde ontem e por lá vão ficar até à próxima quinta-feira. Sabem a fazer o quê? Ora, o que havia de ser!? Eles não são empresários como outros quaisquer, com a única diferença de que os outros empresários produzem riqueza ou vendem bens materiais e eles produzem liturgias e vendem sacramentos e outras coisas que tais? As dioceses que eles administram não são empresas? As paróquias não são sub-empresas, para as quais eles nomeiam funcionários especializados, ainda que todos apenas com contrato a prazo, renovável, se eles tiverem dado provas de merecerem ser reconduzidos? A Igreja católica romana não é uma multinacional ou transnacional, com sede em Roma, melhor, no Vaticano, e as dioceses territoriais não são outras tantas suas sucursais em cada país? Ora, pelos vistos, os nossos bispos, gestores que são de empresas eclesiásticas, acabam de concluir que têm sido maus gestores de empresa, que estão cada vez mais desfasados em relação às novas exigências do Mercado das Religiões, e, por isso - vejam só! - decidiram frequentar um mini-curso intensivo que os prepare para serem melhores gestores da sua empresa. Para tanto, nada melhor do que fazerem esse curso em Fátima, a sede da maior multinacional do catolicismo português e romano (há já quem admita que, um dia, até o o Papa e a Cúria Romana vêm por aí com armas e bagagens instalar-se em Fátima, para dali dirigirem a Igreja em todo o mundo. A enorme basílica pode até já ter sido concebida a pensar nisso. E o aeroporto de que também já se fala para Fátima, nas imediações do santuário, é peça fundamental para se poder concretizar esse projecto católico romano. O que é preciso é que o santuário de Fátima continue a render cada vez mais milhões de euros por ano e a juntar cada vez mais milhões de fiéis, oriundos de todas as partes do Mundo. Não é sabido que o Vaticano, com os seus cardeais e as suas múltiplas Congregações, é perdido por ouro e por euros - até colocou a efígie do papa no euro - como se diz que o Diabo é perdido por almas? Embora, isto do Diabo ser perdido por almas, é só uma gracinha de mau gosto, porque o Diabo pelo que é perdido, é por dinheiro, ele próprio é o Senhor Deus Dinheiro, que quer ter todas as pessoas e todos os povos, bispos e párocos incluídos, a seus pés). O curso terá como conferencistas alguns empresários católicos de sucesso no nosso país que ensinarão os nossos Bispos - vejam que até alguns Bispos eméritos estão lá a frequentar as aulas! - a gerir cada empresa-diocese, todas e cada uma delas com tantas paróquias e com tanto património. Surpreendentemente, a primeira aula, ou conferência foi dada ontem pelo próprio Bispo de Leiria-Fátima. Só podia ser. Ele, que recentemente trocou a pobretana diocese de Viseu pela riquíssima diocese de Leiria-Fátima, só pode ser um perito em gestão de empresas, de contrário, depressa levaria o santuário de Fátima à falência. E a Cúria Romana não brinca em serviço, nem dorme em serviço. Se lhe confiou a diocese do grande negócio de Fátima é porque ele lhe deu garantias de que seria um bom gestor de empresa. E é, tanto que agora até foi escolhido para ser o primeiro conferencista deste curso ministrado por empresários. António Marto, bispo, aproveitou para recordar aos seus colegas empresários das outras dioceses do país, algumas figuras bíblicas - era previsível que o fizesse, já que a Bíblia é a biblioteca que os bispos e demais clérigos conhecem! - precisamente aquelas que, no seu entender, são exemplo de bons empresários e de gestores. Entre outras figuras, recordou Moisés e, obviamente, o próprio Jesus. Imaginem a blasfémia e o sacrilégio! Jesus, o de Nazaré, como exemplo de bom empresário e de gestor de empresas-diocese! Mas a verdade é que o bispo António Marto não hesitou em referi-lo. Esqueceu-se foi de citar o nosso Poeta Maior, Fernando Pessoa, que escreveu num dos seus poemas que Jesus não percebia nada de finanças. Fernando Pessoa não era bispo da Igreja católica, mas era Poeta e, por isso, soube captar e dizer a verdade sobre Jesus. Disse que Jesus não percebia nada de finanças e que é até por isso que ele está para sempre no coração da Humanidade, mesmo da mais ateia e agnóstica. António Marto, que é bispo da diocese-empresa Leiria-Fátima, mas não é poeta, vem agora desdizer Pessoa e apresenta Jesus como um dos exemplos de bom empresário e de bom gestor. Vejam só para onde nos estão a querer levar estes nossos bispos portugueses, tão doentiamente agarrados a Fátima e à sua mítica deusa que nem lapas às rochas. Só mesmo a senhora de Fátima e os seus muitos milhões podem estar a fazê-los perder a cabeça e a torpedear assim às escâncaras o Evangelho de Jesus e o próprio Jesus. Mas não pensem que sou eu que estou para aqui a inventar. São factos que a própria Agência Ecclesia divulga. Bem sei que o Bispo António Marto não disse as coisas assim com esta crueza com que eu aqui estou a dizer. Habilmente, embrulhou a sua doutrina empresarial e de gestor da empresa Fátima S.A., em palavras evangélicas, mansas, suaves, muito devotas, santas. Como já no tempo e no país de Jesus, também os fariseus hipócritas faziam. O problema é que com semelhante embrulho, feito de palavras mansas, tudo fica ainda mais envenenado. E mais sacrílego. O que o Bispo António Marto e, certamente, os outros empresários católicos que estes dias vão falar aos nossos bispos portugueses nunca serão capazes de lhes dizer é o Evangelho que Jesus disse ao homem rico que o procurou preocupado com ganhar a vida eterna, quando já tinha bem ganha e bem garantida a sua vida efémera: Se queres ser perfeito, isto é, se queres ser homem (mulher) em plenitude, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres; depois vem e segue-me! E, no entanto, estas e só estas são as palavras certas que os nossos bispos mais precisam de escutar. Porque estas são as palavras de salvação, de humanização. Do que se trata, meus irmãos Bispos, não é de como haveis de ser bons gestores da empresa-diocese. É de como haveis de acabar com a empresa-diocese, de como haveis de ser Igreja comunidade de comunidades, de como haveis de ser Igreja pobre, sem bolsa nem alforge, sem paços episcopais, sem catedrais, sem basílicas, sem paróquias e sem casas paroquiais, sem igrejas e capelas em tudo quanto é sítio, de como haveis de ser Igreja sem património para gerir, de como haveis de desfazer-vos de tudo e acabar pobres e livres como Francisco de Assis. Esta, meus irmãos Bispos, é que é, hoje, a questão essencial da Igreja que vos ordenou bispos. Porque é para aí que nos chama o Evangelho, o de Jesus. O Mundo do Dinheiro e das grandes empresas multinacionais nunca irá por aí. Mas a Igreja, se quiser ser de Jesus, é apenas por aí que deve, tem de ir. Porque só assim ela será o sal da terra, a luz do mundo, o fermento na massa, a sentinela na cidade. O Sinal ou o Sacramento de Jesus, aquele mesmo que mataram na cruz, mas que vive e sempre está presente e activo lá onde dois ou três se reúnem em seu nome, e dispostos a prosseguirem, hoje e aqui, as suas mesmas práticas políticas e económicas maiêuticas. Por aqui havemos de ir, como Igreja, meus irmãos bispos. Sabei que seria este Evangelho que eu próprio vos convidaria a escutar, a dialogar, a praticar, se, apesar da minha dissidência dentro da Igreja e por causa dela, me tivésseis convidado a estar algum tempo convosco. Pela minha parte, teria de engolir sapos vivos para pisar de novo essa terra de perdição e de idolatria que Fátima cada vez mais é - nem como local de turismo deve ser visitada por ninguém, porque sempre adoece quem nele entra e quem pisa o seu tenebroso chão - mas, por amor de vós e do Evangelho, tudo eu suportaria. Por favor, meus irmãos Bispos. Bem sabeis, lá no mais fundo de vós mesmos, que é por aqui que havemos de ir. Nem que os cardeais da Cúria Romana vos digam o contrário, ousai ir pelo Evangelho. Os cardeais da Cúria Romana são hoje o Grande Inquisidor. Continuam a fazer tudo para corrigir Jesus e o Evangelho de DeusVivo. Resisti-lhes. Não vos deixeis enganar, como os ingénuos, com as suas vestes, nem com os seus exemplos. Sede, antes, como Francisco de Assis e resisti-lhes, como ele lhes resistiu. Encontrai maneira de vos desfazerdes de todo o património eclesiástico, para serdes, finalmente, bispos pobres duma Igreja pobre. Assim, o Mundo acreditará e descobrirá que Jesus, precisamente por não saber nada de finanças, mas por saber tudo de afectos, de mesas partilhadas, de práticas maiêuticas, é quem nos humaniza e sororiza/fraterniza. Nunca as grandes multinacionais da nossa desgraça. Só que em Fátima, jamais sereis capazes de ir tão à raiz das coisas, tão ao Essencial, sempre invisível aos olhos. Apenas no Deserto é que os vossos olhos abrir-se-ão e os vossos ouvidos. Resistireis então como Jesus resistiu à tríplice Tentação e, como ele e com ele, direis sim a DeusVivo. Quanto ao Deus-Ídolo que até agora tendes seguido, decapitai-o duma vez por todas. Sede finalmente bispos irmãos, amigos, companheiros, sem ter onde reclinar a cabeça, porque, se fordes como Jesus, itinerantes e pobres, todas as casas dos verdadeiros discípulos de Jesus serão também vossas casas. Mas não vos iludais: Primeiro, mudai de Deus. Deixai o Deus-Ídolo do Religioso e acolhei/praticai DeusVivo, o de Jesus. Porque só depois é que tudo o mais virá por acréscimo!

Nota: Se quiserem comentar, façam-no por e-mail para
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PADRE MÁRIO DE MACIEIRA DA LIXA

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