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Humor-->Estelionato estético -- 24/07/2007 - 18:06 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estelionato estético


Segundo o escritor Nelson Rodrigues, o dinheiro é capaz de comprar até amor verdadeiro. Não era o caso do nosso herói, um “durango kid” de nascença. O Juliano Barrica era também um caso perdido em termos de beleza física. Entrado em anos, era baixinho e corcunda. Sofria de uma cifose lombar irreversível, mal que o fazia ostentar um calombo enorme nos costados desde a mais tenra infância. Não possuía nádegas, as pernas se encaixavam diretamente na coluna vertebral. Nem mesmo um ortopedista renomado ou um grande milagre poderiam ajudá-lo a se curar. Conheci o Juliano numa de minhas muitas vagens como propagandista de laboratório. Ele era porteiro noturno do Hotel Vitória, em Taubaté, e namorava (por correspondência) com uma linda jovem de Pirassununga, SP. Vi a foto da moça e notei que ela era de fato muito bonita, linda mesmo. Imediatamente pensei com os meus botões: “Esse malandro do Juliano Barrica está tentando enganar a jovem...”
Algum tempo depois, e muitas viagens mais tarde, soube que eles ficariam noivos. Realmente, os dois convolaram núpcias, conforme diria o Pedro Nava. Mas me disseram que o Juliano não precisou se ausentar de Taubaté, nem a sua noiva precisou vir até aqui para realizarem o casamento: casaram por procuração. A mãe do porteiro feioso foi representá-lo numa cerimônia simples, realizada sem nenhuma pompa em Pirassununga. Depois do casamento, soube-se que Juliano, feliz da vida, deixara o emprego e sumira, nunca mais o vimos. Anos mais tarde, encontrei-me com o seu colega de trabalho, o Dito Napoleão, que trabalhava durante o dia no Hotel Vitória, e lhe perguntei das novidades. Quis saber dos antigos colegas propagandistas, da surdez do Caetano e também do destino do Juliano Barrica. Para minha surpresa, o Dito me disse que o corcundinha tivera seu casamento anulado. Estava de novo solteiro e ainda tinha passado por momentos difíceis com a justiça. A bela esposa do Juliano, quando viu o marido pessoalmente, levou um baita susto e ficou injuriada. Não teve dúvidas e procurou o Procon local.
Ali, para espanto de todos, contou a sua história e propôs anular o casamento. Contrariando as expectativas jurídicas, o processo foi aberto e mandado para instâncias superiores. O mais incrível é que a reclamação inédita teve plena acolhida e o casamento resultou desfeito. Ainda hoje, o pessoal do fórum local acha engraçado o estranho título do processo. Na capa cor-de-rosa foi escrito em letras garrafais e ficou tudo registrado como se segue: “Primeiro caso de estelionato estético do Brasil”. Quem não acreditar, pode ir lá pra ver ou perguntar ao Henrique do Cartório, ele também sabe dessa história.


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