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Cartas-->A crueldade da crítica leviana -- 08/12/2005 - 15:08 (Janete Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chegou a meu e-mail, como achei interessante, resolvi expor a mensagem aqui...(Janete Santos)

A crueldade da crítica leviana

Prof. Dr. Germano Phonlor

Na última página da revista Veja desta semana, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo escreveu um ensaio intitulado: "A farsa cruel de um ponto de exclamação". Inspirou-se, o digno senhor, numa frase do Andes-SN, "...e a greve continua!" A fértil mente conseguiu vislumbrar nesta exclamação algo como um chamamento ao "desembainhar de espadas para a luta!" Este tipo de atitude remete-me ao meu tempo de universitário, quando, em plena ditadura, era normal pessoas serem acusadas de comunistas, simplesmente por expressarem alguma opinião que contestasse o "status quo". À medida que fui adentrando pelo artigo, maior era minha indignação - a qual, finalmente, transformou-se em um e-mail, que enviei ao referido jornalista, com o seguinte título e seguinte teor:

Ao Sr. Roberto Pompeu de Toledo:


A CRUELDADE DA CRÍTICA LEVIANA


Não consegui manter-me alheio ao seu inquietante ensaio: "A farsa cruel de um ponto de exclamação" (VEJA, ed. 1933). Sou professor titular, DE, da Fundação Universidade do Rio Grande (FURG). Tenho mestrado, doutorado (USP), pós-doutorado (Carolina do Norte, USA, um ano); pós-doutorado Senior (Universidade de Tókio, Japão, cinco meses), bem como diversas especializações na Alemanha, na Espanha, no Chile e na Argentina. Além disso, possuo inúmeros trabalhos publicados em diferentes revistas científicas dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Brasil, e participação em capítulo de livro publicado na Alemanha. Hoje estou aposentado, após 33 anos dedicados ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão. Meu salário é equivalente ao mesmo de 12 anos atrás.

Senhor Roberto, este mini "curriculum vitae" não tem outra finalidade senão aquela de disponibilizar dados reais, para que possam servir de fonte a uma avaliação mais condizente com a realidade do desprestigiado professor universitário. Já fomos adjetivados por Collor como preguiçosos, por FHC como vagabundos e pelo nosso ilustre iletrado Lula, como marajás. Não dispomos de outra forma de luta reivindicatória que não seja a greve. Graças a este instrumento, garantido pela constituição, é que tivemos as nossas maiores conquistas salariais.

É inacreditável que um profissional que tenha passado por uma Universidade (espero que esse seja o seu caso) venha a público com críticas de tal envergadura, sem levar em consideração o empobrecimento do profissional da educação, há mais de 12 anos sem aumento salarial. Quando recebemos 0,1% de aumento, não houve notícias publicadas por nenhum jornal ou revista deste país que viessem em nossa defesa. Como fazer um ensino de qualidade, uma pesquisa científica de nível internacional, com técnicos sendo aviltados ano após ano em seu ganha-pão? Quando sentamos nos bancos escolares, exigimos aulas de qualidade, mas ninguém pensa que dentro daquele tapa-pó existe um ser humano que possui as mesmas necessidades do aluno e de sua respectiva família. Que precisa especializar-se, comprar livros, falar pelo menos duas línguas diferentes daquela materna. Como fazer tudo isto sem uma remuneração decente?

Enquanto neste país a educação não for pensada como um investimento, ao invés de uma despesa, vamos acabar brincando de ensinar, tendo como conseqüências o aluno fingindo que aprende e o país cada vez mais ignorante. Tamanha já é nossa ignorância que elegemos, para dirigir este imenso país, "isto" que aí está.

A nossa indignação é maior porque pertencemos a uma das classes esclarecidas de nosso país. E ela cresce quando vemos deputados, com apenas alguns anos de mandato (e mesmo quando cassados) sendo aposentados com um salário acima de R$ 9.000,00 sem precisar fazer greve. É revoltante!

Gostaria de finalizar fazendo uma pergunta ao Sr. Roberto: qual seria outro possível instrumento de reivindicação salarial e por melhores condições de trabalho, que não a greve? Por favor, se o senhor souber, diga-nos, porque durante décadas discutiu-se, em todos os recantos universitários deste país, na tentativa de encontrar um outro instrumento mais eficaz e que não causasse prejuízo aos alunos. Infelizmente, nossas mentes não foram, até o momento, suficientemente criativas para encontrá-lo.

Uma última informação: o professor, muito provavelmente, é o único profissional que, terminada a greve, trabalha redobrado para recuperar o tempo perdido. Acredito que nenhuma outra classe trabalhadora tenha tal responsabilidade para fazê-lo.

Espero que, com estas informações, o jornalista possa dispor de algo mais do que um simples ponto de exclamação para elaborar seu próximo ensaio.


Saudações Universitárias,

Prof. Dr. Germano Phonlor
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