Quem são os Selvagens

Certa vez eu ouvi, numa entrevista do velho sertanista Orlando Villas-Boas,  a esta pergunta com sua resposta:

“Quem são os Selvagens? Os Silvícolas com quem eu convivo, la na selva, ou os ditos civilizados que residem aqui na metrópole?

La na selva sou tratado com cordialidade e respeito, aqui eu pego o meu carro e antes de chegar a primeira esquina sou xingado um par de vezes.”

Vamos considerar que vivendo la na selva quanta barberagem ele não faria dirigindo na cidade grande?

Hoje treze de setembro na história. Um espadachim possivelmente analfabeto, tendo sido recebido cordialmente, pelos silvícolas da América Central, em paga e em nome de um deus, destrói  selvagemente a culta capital azteca Tenochtitlan.

Recentemente, retornando de uma reunião em Pelotas, rolei durante dois dias, visitando lugares ermos, cemitérios e pequenos povoados. Conhecendo as belezas naturais do nosso estado .E muito da nossa história. Ou obras de arte como o Jardim da Estatuas no interior de Julio de Castilhos. Onde um artista plástico mantém um jardim de esculturas, em pedra arenito, para deleite dos passantes e valorização daquele pequeno povoado, sua terra natal. Um homem, tal qual sua esposa, praticamente com baixo nível escolar, mas uma exemplar cultura e educação.

Em verdade, passei mais tempo conversando com sua esposa do que admirando as obras de arte, extasiado em saborear a cultura e educação daquela senhora. Por ela tomei conhecimento do projeto de mil estatuas naquele jardim, ou seja, um projeto de dois a cinco mil dias de trabalho. Muito mais de dez anos a serviço da cultura, na tentativa de colocar aquele pequeno vilarejo em destaque.

Deus deu ao homem, animal racional, a voz, o raciocínio e a razão, para que se entendessem enquanto ao irracional, deu o urro e o corpo para atacar agredir. Entre o irracional e o racional e  existe uma escala de zero a dez, assim existem alguns homens, que apesar de fortuna pessoal, serem cristãos fervorosos, não conseguem passar de três nesta escala enquanto la no mundo silvícola, ou em algumas comunidades de menor cultura, encontramos exemplares com sete ou oito nessa mesma escala.

De volta ao mundo civilizado, onde a educação deveria imperar, antes de conseguir guardar a minha F1000, sou ameaçado fisicamente e chamado de “Velho Louco” por um troglodita.

Lembrei-me das sabias palavras de Orlando Villas-Boas

Sérgio Olímpio da Silva Viégas