O corpo arquejado no leito
E essa agonia no peito
De estar quente
De teus toques
Sem teus dedos.
És o macho sem falo,
És o abraço completo,
E roças rente,
E atritas fremente
Nas fendas e fossas,
Nas carnes, nas coxas
De grossas carências,
Espessas latências
Dos gozos contidos,
Em mudos gemidos.
És linho, cetim, algodão,
Do fundo de mim,
Do sim e do não.
És o apelo do seio,
O escorregar da mão,
A língua que explora,
A dor que se aflora
Do contato tão íntimo,
No segredo do punho cerrado,
Dos dentes rangentes, trincados,
Quando descortinas, suave
A mulher desfalecida
De solidão, entre lençóis.
(Lílian Maial)
|