Perco-me no desejo vão de compreender
a vida,
o homem,
o ser,
o pensamento,
a existência,
como se algo pudesse ser compreendido.
Roma foi grande e passou:
o luxo é o mal da prosperidade.
Por que existe automóvel?
Não bastava ter pés?
Ontem, o homem vivia enquanto viajava.;
hoje, todos viajam enquanto vivem.;
amanhã — quem sabe? — talvez não se viva mais,
ou talvez apenas se viaje,
para longe,
l o n g e,
para o infinito que está aqui,
junto de mim,
dentro de mim.;
para o eterno,
que luta impotente contra si mesmo.
Tudo se transforma:
o espaço sideral — negro — lembra-me esferas cromáticas, numa louca imobilidade,
fixamente fixa,
estrondosamente inaudível,
salgadamente insossa.
E isto é fuga da compreensão.
31.10.57.
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