Cisterna do Poeta
Uma coisa de que não gosto é de sexo oral (chupadela, mamada, chupeta ou como vocês meninas quiserem chamar) mal feito. Ele é uma das supremas formas de prazer com que um dos membros do casal pode brindar o outro. Mas tem que ser bem feito...
CARLOS CUNHA
Rosa Negra
Quero beijar sua mão com respeito e os seus pés com adoração. Cobrir todo o seu corpo de beijos. Deixar os meus lábios saborearem o gosto salgado da tua carne e fazer com que minha língua conheça todos os pontos secretos do seu corpo sagrado. Lamber as tuas costas enquanto minha mão apalpa com suavidade as suas nádegas macias e depois percorre mansamente por suas pernas, até chegar entre elas. Então sentir você toda molhada ao tocar no melado que escorre da sua “ROSA NEGRA”, coberta de pelos macios, pois acabou de ter um gozo com o carinho que eu estou te proporcionando. Que minha língua se enrosque na sua enquanto nossos lábios sedentos se unem, e se sugam, com desespero. Ter a minha boca beijada pela sua no momento em que estou te penetrando e sentir nesse beijo todo o prazer que você está tendo. Chegar ao gozo abraçado pelas suas pernas enquanto sinto o tremor que te domina, porque nesse momento estarás gozando também.
Quero te dar prazer e não só satisfazer a volúpia que me domina. Que tenhas tua carne satisfeita e realizada, mas que as nossas almas participem desse gozo. Que os nossos corpos cobertos de suor se abracem satisfeitos e que envolvidos nesse abraço descansemos não só como amantes, mas que nossos corações participem desse envolvimento e desejem que esse momento seja eterno. Santificar a união da nossa carne e o nosso amor, excluindo do momento em que nos entregamos a luxúria e o sentimento de posse. Entregar-me para te dar prazer, mas cheio de amor e sentir prazer igualmente por ter a certeza de que se entregas a mim porque me ama. Que o nosso gozo seja puro, que sejamos amantes capazes de colocar como importância primária não a própria satisfação, mas que sintamos prazer no delírio que conseguimos causar na carne em que tocamos.
Quero depois do gozo, além de sentir a minha carne satisfeita, ter um prazer ainda maior. O de sentir que te enchi de carinho, que tenho você relaxada e satisfeita ao meu lado e saber que posso encostar a minha cabeça nos seus seios macios e descansar com as bênçãos de Deus. Sentir a nossa carne unida. Possuir-te e ao mesmo tempo ser possuído por você porque eu te amo e sei que por você sou amado. Não quero só me satisfazer com sua carne e depois do gozo desprezar a mim mesmo.
Que nossas almas se queiram para sempre, que estejam juntas por toda a nossa vida e que o delírio da carne seja só uma satisfação a que temos direito. Que nossos corpos se unam com pureza e que tenhamos filhos como frutos dos nossos momentos de amor.
Quero você porque minha carne te deseja, minha alma te venera, os nossos corações estão unidos e a hora que estivermos juntos nos seremos as pessoas mais felizes que vivem nesta terra.
CARLOS CUNHA
O Poeta sem limites
Hillary Scott & Leah Luv
Arquivo do Poeta
Um “viado” japonês
Isso aconteceu de fato, na primeira semana em que tinha vindo morar no Japão. Ele era para mim um mundo novo e passei um bom tempo indagando, a mim mesmo, o que tinha vindo fazer aqui. Foi a minha mania de transformar a raiva que sinto em brincadeira que me tornou mais fácil essa fase, até transformar essa terra em meu novo lar. Hoje estou cercado de amigos, minha família e eu vivemos com dignidade e segurança, sou aceito e estimado na comunidade em que moro e tudo aqui é natural e belo para mim, mas no começo não foi fácil não!
Minha esposa, toda sem jeito e envergonhada, achava ruim comigo por causa do estardalhaço que eu fazia com as minhas gargalhadas. Toda raiva que eu sentira ainda a pouco, passara e eu não conseguia mais parar de rir. Era um dia de semana de tarde e eu tinha ido com ela em um supermercado passear. Sim passear, pois para nós que éramos brasileiros e havíamos chegado ao Japão há poucos dias, tudo era novidade e passeio.
Achávamos estranhos os produtos que tinha lá e as pessoas que se encontravam nele. Senhoras elegantes, e muito bem produzidas, usavam aventais em cima das roupas caras que trajavam, jovens vestidas com calça comprida vestiam minissaias sobre elas e usavam sandálias com quinze centímetros de altura, que deixava o seu andar torto e desengonçado. Era normal ver dois senhores cheios de distinção conversando, cada um segurando a sua pasta de executivo. Enquanto um vestia um terno de fino corte e tinha os sapatos muitos bem engraxados o outro usava um pijama florido e se comportava como se fosse a coisa mais natural do mundo estar ali vestido daquela maneira naquela hora. Eu nunca tinha visto tanto mau gosto na maneira de se vestir e excentricidade no comportamento como no povo japonês.
Assim que entramos nele uma voz feminina falou algo pelos alto falantes e tudo o que eu entendi foi à palavra “gaijim”, que eu sabia significar estrangeiro. Caminhando pelos corredores formados pelas mercadorias expostas, notei que em todos eles sempre tinha algum funcionário uniformizado olhando para nós e comentei:
- Que saco amor. Esses japoneses ficam olhando pra gente com se fossemos algum bicho raro.
- Não liga não. Você não ouviu o que a moça falou nos alto falantes quando a gente entrou? Aqui é assim mesmo, eles são muito desconfiados.
- Ouvi uma voz de “galinha choca” falar alguma coisa, mas não entendi nada.
- Ela disse que tinha entrado estrangeiros na loja e que era para os funcionários ficarem alertas.
- Puta que pariu, eu falei indignado e cheio de raiva. Esses putos estão pensando o que? Só por que somos de uma outra raça eles já pensam que somos ladrões?
Extrapolava a minha raiva quando vi um casal vindo em direção a nós no mesmo corredor em que estávamos. Fiquei de boca aberta. A moça era uma japonesa linda, vestida com muita elegância, cheia de classe na maneira que andava e no modo de se comportar. O rapaz ao lado dela foi que me deixou abismado.
Ele era muito alto e magro, seu nariz era aquilino e nele tinha pendurada uma enorme argola de prata. Seu topete alto e cheio de brilhantina. Usava vários brincos escandalosos nas orelhas e vestia uma camisa de seda branca com abotoaduras, que como o relógio Rolex e as grossas pulseiras que usava no pulso eram de ouro. Para completar sua elegância irrepreensível vestia também um paletó creme que lhe caia muito bem. Contrastando sua calça era de jeans desbotada e ensebada com vários rasgos nas pernas e tinha as bainhas desfiadas arrastando no chão que imitava a mármore branco. Ele a amarrava na cintura com um pedaço de corda e estava descalço. Reparei em seu modo de mexer o pescoço, os braços, de andar e percebi que era uma “bicha” das mais escandalosas que já tinha visto.
Eles iam passando nessa hora do nosso lado, sorriram para nós e eu perguntei em português, como se ele entendesse o que eu falava:
- O meu você é “viado” não é?
- Nani. Akaranai. (Como? Não entendo.)
- Perguntei se você é puto cara? É o “viado” mais esquisito que já vi na minha vida, falei gargalhando e alugando o coitado que nada entendia e devia estar me achando completamente maluco.
Minha mulher me empurrou pra fora do supermercado, puta da vida comigo, e quanto mais ela me xingava mais eu gargalhava. Arcava o corpo e segurava a barriga que chegava a doer tamanha era a minha hilaridade, enquanto dizia:
- O povinho estranho esse aqui mulher, é esquisito demais.
CARLOS CUNHA / o Poeta sem limites
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