PENSANDO NO FUTURO
Filemon F. Martins
Certa vez, Simão Pedro, dirigindo-se a Jesus, perguntou: “Senhor, para quem iremos nós ? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus.” E Jesus lhe respondeu: “Não vos escolhi a vós os doze ? E um de vós há de me trair.” Parodiando aquele que se tornaria o grande Apóstolo Pedro, perguntamos: E o povo brasileiro, agora, para onde irá ? Politicamente, depositamos nossa confiança e nossos votos em tantos homens procedentes de vários Estados brasileiros, de classes e partidos diferentes, mas, infelizmente todos eles ao assumirem o poder, foram seduzidos pelo envolvente canto da sereia: Banqueiros, FMI e o capital estrangeiro.
Nossa última esperança terminou quando Luiz Inácio Lula da Silva, oriundo da classe trabalhadora, ao assumir o poder, retomou a política recessiva adotada pelo seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, reprovada nas urnas e que tantos males causou aos brasileiros e ao Brasil. Veja o caso das privatizações. Na área da energia não há os investimentos apregoados para evitar futuros “apagãos”. Nas comunicações assistimos recentemente o episódio do aumento. Agora, os brasileiros sabem o tipo de contrato vulgar que foi firmado no governo anterior. Nem pôde ser parcelado, porque, segundo os entendidos, o aumento estratosférico consta do contrato e não pode ser alterado. Dane-se o consumidor. Contudo, a Constituição Federal pode ser rasgada para agradar a casta elitista, inconformada com as conquistas sociais do trabalhador brasileiro, apelidadas de privilégios.
Nos oito anos de governo de FHC, não se fez outra coisa senão subtrair direitos dos servidores públicos, com o pretexto de que tudo “vai melhorar.” Com Lula está ocorrendo a mesma falácia, apenas por um capricho do Partido das Taxas, que quer prejudicar, custe o que custar, não reformar. Não é possível conceber, como brasileiro e eleitor do PT que no Conselho do Presidente Lula, criado para “planejar as reformas” estejam 11 (onze) dos maiores devedores do INSS. Com a devida vênia, é muita “maracutaia”, como diria o outrora líder sindicalista, porque estes, sim, são responsáveis pelo propalado rombo da Previdência e outras mazelas daí decorrentes. Esqueceram dos problemas reais, vividos no dia-a-dia pelos brasileiros simples e desvalidos. Abandonados justamente por aqueles que prometeram a geração de milhões de empregos, salários mais justos e melhores condições de vida para o povo.
Uma verdadeira tragédia foi mostrada pela televisão, recentemente, no Rio de Janeiro e noticiada pelos jornais: O desespero na fila do concurso de gari da COMLURB, no Sambódromo do Rio, descrito pelo sargento da PM, Sérgio Salles: “Eram brasileiros querendo trabalho para comprar o pão de cada dia que está faltando em suas casas. A minha profissão exige que deixe a emoção de lado, mas houve uma hora em que chorei. Mais tarde, contando o episódio, voltei a chorar. Nunca vi coisa igual e espero não voltar a ver.” O sargento chorou, porque é brasileiro, tem dignidade, tem coração e consciência, como nós também choramos. E choramos porque temos consciência de nossos deveres e direitos, estamos desapontados, estamos perplexos, estamos revoltados, estamos pessimistas e não somos bobos da corte.
O cidadão brasileiro tem dignidade, é trabalhador e honesto, ao contrário de muitos políticos, que em suas vidas só sabem mentir, trapacear e falsear a verdade em troca de míseras moedas. São responsáveis por cenas como esta do Rio de Janeiro e outras iguais que ocorrem em São Paulo e no Brasil todos os dias.
O povo brasileiro certamente vai se cansar destes políticos que falseiam dados, falam meias verdades e propagam mentiras inteiras. Não se pode enganar o tempo todo. A máscara vai acabar caindo. Mais cedo ou mais tarde. E quando isto acontecer, o que dirão ? Fugirão para o exterior, como covardes ?
E pensando no futuro, para onde irá o povo brasileiro ? Para onde iremos nós ? Como nos livraremos desta praga que assola o mundo, eliminando os mais fracos, impondo sua liberdade como modelo de vida ? Nossa última esperança morreu. Já fomos vendidos. Seremos exterminados e dizimados também ? Cabe, agora, ao povo brasileiro exigir mais respeito e dignidade no cumprimento de nossas Leis e à Constituição Federal.
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