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Cronicas-->Qual dos três? -- 02/08/2011 - 14:55 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Qual dos três?

No saguão do aeroporto, numa interminável espera de 10 horas para novamente embarcar, repara-se de tudo para fazer o tempo passar.
O rapaz vinha na frente. Meio cabisbaixo. Traje casual: camiseta, calça jeans surrada e tênis. Fazia bem o tipo fortão de academia de ginástica. Corpo modelado pela malhação. Demonstrava dureza nos bolsos. Foi a impressão que me deixou.
Em seguida, uma jovem senhora. Andar decidido. Pingando joias. Brincos, pulseiras e colares em abundància. Roupas de grife. E que grife! Coisas finas com tecido de motivo oncinha. Os saltos dos sapatos exageradamente altos. Igualmente exagerada era a maquiagem, sem faltar a forte sombra azul, da mesma cor dos grandes olhos. Cabelos louros quase brancos.
Pois bem, a jovem senhora trazia cuidadosamente, nas pontas dos dedos, uma gaiola. Não era uma gaiola qualquer. Era um rico objeto dourado, de tamanho avantajado. Luxo só.
Na gaiola, mordomicamente acomodado, estava um gato. Um senhor gato branco de olhos vermelhos e bigodes tamanhudos, como diria Emília, a do Sítio. Sua raça devia ser pra lá de nobre. Raridade. Sob o gato havia uma almofada vermelha, provavelmente vinda dos cenários das mil e uma noites. O bichano tinha ares de sultão.
O trio desfilava triunfal, merecendo até, em função do gato, obviamente, uma sala VIP.
Cutuquei a minha mulher e deixei escorrer o meu veneno:
- Olhe só, querida, caso fóssemos divagar, já divagando, sobre o que estamos vendo, aposto na seguinte situação: o camarada é mantido pela mulher e bem mantido, cabendo-lhe apenas conservar a boa forma utilizando os aparelhos e esteiras, e fazer a "felicidade" da dona. Talvez, nas horas vagas, que devem ser muitas, agir como segurança dos outros dois. À patroa, mantenedora da trupe, cabe a pior parte: prover de um tudo, mantendo-se bonitona e, ainda, cuidar para que o gato tenha vida boa e longa. Vai ver, o gato só deve comer patê francês, como aquela gata insuportável de tão insolente da sua prima Marlene.
- Amorzinho, de tudo você faz história. Não estou vendo nada demais no trio. Quem sabe o homem é o verdadeiro chefe da família, simples, e ela é que assume uma de esnobe e prepotente, percorrendo o aeroporto fazendo exposição da figura, que nem se dizia na novela "O clone"? Agora, que o gato é bacana, isto é. Trata-se de uma beleza de felino. Eu, que sou mais boba, queria um bicho igual - argumentou a minha mulher.
Com o papo, a hora passou sem sentirmos, mas valeu, para culminar, lançar uma pergunta:
- Dos três, quem tem vida melhor?
A resposta eu mesmo ofereci, de chofre, na ponta da língua:
- O gato, está claro! Explico: o homem é o mantido, dominado, sem voz ativa, que deve estar atento para não "dançar". A jovem senhora é aquela que sustenta, sendo a gerente incumbida de administrar e executar, também, muitas tarefas. O gato é o cuidado, acarinhado, apaparicado sem limites, sem cobranças e deveres, até que a morte o separe da boa vida.

Alfredo Domingos Faria da Costa

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