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Cronicas-->1974 - Mike -- 24/07/2011 - 17:34 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando escrevi sobre meus irmãos, coloquei "um é especial duas vezes, por ser down e por ser o que representa". Apresento-lhes - é o Mike, pronuncia-se "Miqui". Não se preocupem, também não entendo essa diferença e no oficial é o Hismir. Nasceu down e de perninhas tortinhas, usou uma espécie de tala um bom tempo, já tem mais de trinta e sete anos. Seria especial, só por isso, mas, não. É especial pelo que representa, como já disse. Alguém sabe, a maioria não, lá em oitenta ele foi o motivo da minha mãe se abalar por este mundo de Deus, pensando na criação de uma entidade que o acolhesse e aos demais iguais. Ainda bem que a APAE de São Miguel existe. E, acreditem, ele foi só um pouco, depois não quis ir mais. Ele mesmo resolveu que não precisava e até xingava a perua, quando ela passava em frente de casa.
Nesses anos todos, ele vem sendo uma espécie de elo, que nos une, pois, uma coisa certa é - ele fala com todos e lembra-se de todos, na boa e na ruim. Quando ele gira o paninho, o má, sai de baixo. Vai do mamaiorra ao azaento, entre uns morra caapora e oii a véia oca. Nem preciso dizer do dialeto próprio, todos acabam entendendo alguma coisa, pois ele conversa e como. A especialista é a Camila. Sem cerimónia, quando ele se cansa da sua presença, você é mandado embora - Vamo, vamo é tarde já, pipoca. Gira o paninho e morre de dar risada. Só você olhar torto e ele - Pupa, pupa. Ihhh aiai. É muito zeloso com umas coisas, que guarda e carrega prá cima e prá lá. Chegam os sobrinhos - Esconda mãe, a criançada tá chegano, terminando com azaento menininho e mamacu. Carimbou e xingou todos.
Não pode ver um braço levantado, fica olhando enviesado e apontando - quili quili, de repente vira um mamatchu, que é o dedão dele entrando embaixo do seu braço. Depois vem o pupa, com um sorriso bem irónico. Cochê é quando perguntado com quem ele quer ficar e ochê é ochê. Adora relógios, tem marca no braço e vive pedindo - Éia compa mim. Também para roupa, adora ganhar. Inho, popa, trouxe popa. Ah não, compa mim. Às vezes, quando quer suco a mais, diz - qué cuco, dexe mãe Mike morre. E o pai? Pai moeu, tá co Gilso, Vó Isidora, Vó Roque e mais alguns, que ele vai lembrando. Chamava meu pai de puro Roque, me parece mais escárnio, até um xingo, pois, quando alguém sai do trilho, para ele é o puro Roque. Adora televisão, vive levando uma pequena para todos os lugares da casa. Compramos uma grande de parede, nem pensar, ele não gosta. É o rei das novelas, ainda mais no úúrrrtimmoo capítuo. Ama a Xuxa.
Qué comê pistel e gosta do big mac, nem peça um pedacinho - nipensar! Eite mim, dois mãe. Recebe um: você amanheceu inlubisionado hoje, da minha mãe. Devolve - noossa Cida, iii, óia a mãe tá brava, eite mim. Ruim prá tomá o prédio, faz uma onda e ainda diz - Prédio tomá, se não o Mike cai. Toma com ága, que precisa aquecer no microondas. Só come com um tipo de prato e garfo, come sozinho e bem. Ovo de gaíga, nunca. No mais, gosta de tudo. Depois, um choiatinho ou chocoatinho, se for aquele Nuts da Kopenhagen então. Bão, aí, até eu.
É amoroso e sentado na rede ou no sofá chama por todos, Ilvia, Aíce, Sandlala, ígia, Gui, Ucas, o Inho vem, bravo, Mike panha, Éia e a Pisté e mais todos que ele já viu. Xinga também, mamaiorro, morra bagabundo, cadéia e depois só gargalhada, ahn ahnnnn. Shopping, gosta muito e de xissaiada com cuco. Sabe bem a diferença das mulheres. Péénna gloossa, ihhh oia o peto. Ahh peta. Fica olhando sim, não mostre.
Atende ao telefone, tão alegre, que me deixa bem - Oooiii Inhooo, tudibão, éé o Mike, tudibãaooo. Péra, qué falá. A Éia, tá em Sãpalo. Chame a mãe, tábão, bejo Inho e sai gritando - Inho mãe. Dê aqui menino chato e escuto...chaauu Inho.
Tem mais, mas já deu para entender que é muito mais especial por ser ele e não por ser especial. Sei o quanto é tudo chegar e receber um abraço dele, antes de descer do carro. Dá licença, licença, péra e ganho um beijão, já levei tapa depois do abraço, por alguma mamaiorrada minha. Vinte e quatro de sete de onze e eu espero sempre estar à altura dele, ao menos perto. Quili quili!
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