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Cronicas-->Hoje já não sei -- 22/07/2011 - 18:10 (Juliana Mendes Velludo Guidi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Vê-los entusiasmados comigo me contagiou. Voltei bem animada com a possibilidade de mudar minha vida. Confesso que é uma tentação. As propostas que posso receber são muito boas!
Quando cheguei à agência, não encontrei o Roger, estava almoçando. Que vontade me deu de entrar no carro e voltar! Tudo pareceu improvável. Comecei a me perguntar: o que faço aqui?
Ao falar com ele soube que ficaria na casa da booker, a Denise. Desativou o apartamento?! Que vontade de entrar no carro e voltar!
A Denise me pediu para esperá-la, pois quem almoçaria naquele momento era ela. Subi com o Roger. Ele me pediu para participar da reunião que faria às 18h00 com outros modelos novos na agência. Disse-me que, como eu não tenho ainda material, seria desnecessário ficar em São Paulo muitos dias. Mas que seria bom ouvir o que tinha a dizer. Pediu para que o João, meu marido, também ficasse, mas ele entrou no carro e voltou para Ribeirão. Quase fiz a loucura de não esperar reunião alguma e voltar com ele. Mas eu precisava ver como funciona essa agência. Meu filho chorou. Eu também.
Ao voltar, a Denise sentou ao meu lado e foi direta: "Juliana, você é uma mulher lindíssima. Tem muito mercado pra você aqui. Mas vou te falar como mãe, não saia de Ribeirão Preto".
Era tudo o que eu queria ouvir. Nunca pensei em deixar minha cidade. Mudar a rotina do meu filho. Não! Fui justamente para tentar o que logo ouvi. Ela disse que tenho perfil para fazer campanhas grandes com exclusividade durante seis meses. Caso isso aconteça, o que farei em São Paulo? Gostei do seu jeito. Percebi que ela ficou empolgada comigo.
Na hora da reunião com os modelos, soube que a Denise me deixou e foi falar com o Roger sobre mim. Ficaram um longo tempo conversando. Ele me contou. Mas notei que estava inseguro. Sua intenção era que eu me mudasse para lá. Tem medo de que a modelo o deixe na mão. Falou conosco durante duas horas e meia. Apresentou um mundo feio. Falou coisas como: se o iluminador te paquera e você não retribui, ele te "ferra" na luz! Pasme! Ele disse isso e muitas outras coisas. E queria que meu marido ficasse rs! O João não ficou, mas contei TUDO pra ele.
Eu sei lidar com as pessoas. Sou profissional. Jamais daria bola para um cara para conseguir alguma coisa. Jamais. Depois, sozinha com o Roger, ele me disse que gosta de colocar um pouco de terror para ver a reação dos interessados. Disse também que, quando começam a surgir os trabalhos, os modelos veem que foi exagero de sua parte e curtem muito. Foi o que aconteceu comigo. Não cheguei a trabalhar, mas tenho certeza de que saberei conduzir com seriedade a possível nova profissão.
Já quase nove da noite, ele falou que precisava ver os modelos em trajes de banho. Perguntei se poderia ser no dia seguinte. Eu estava exausta! Ele concordou. Pediu para que eu chegasse às dez e meia. Fui para um hotel. Preferi ficar sozinha. Queria privacidade. Fiquei no Ibis do Morumbi, bem perto do Itaim Bibi, onde fica a agência. Foi gostoso. Curti muito ficar só comigo. Às vezes, sinto falta disso.
Quando cheguei ao segundo andar da agência, o Roger me disse: "bom dia, Ju. Coloca o biquíni pra eu ver". Assim o fiz. Ele me olhou e logo falou que tem muito mercado para mim. Creme dental, banco, carro, cerveja, lingerie, propagandas para o dia das mães ( se possível, com meu próprio filho )... Pediu para que eu colocasse a roupa e fosse à sala de reuniões. Mudou de ideia quanto ao material. No dia anterior, disse que poderíamos fazer as fotos com quem quiséssemos e depois levar para ele. Mas achou melhor eu fazer as minhas com ele. Fiquei feliz. Percebi que realmente ficou interessado e já comecei a pensar nas prováveis propostas. E quando ele me falou o valor mínimo do meu cachê... Levo mais de dois meses dando trinta e seis aulas por semana para ganhar o que posso lucrar num único trabalho. E esse é o cachê mínimo! É muita tentação! A Denise chegou, ele a cumprimentou e fez comentários sobre mim. Ela sorriu e disse: "eu te falei que ela tem tudo para bombar". Ele respondeu: "é, vamos trabalhar essa mulher". Isso me deixou ainda mais animada. Fiquei deslumbrada com a possibilidade de ganhar um bom dinheiro. O meu dinheiro. Ao nos despedirmos, ele me falou que, se eu ficasse resfriada, brigasse com meu marido... não era para ir. Pois "tudo é clima, Ju". Afinal, as fotos não saem em menos de cinco horas.
Na última segunda-feira, não consegui falar com ele, e precisava saber de algumas coisas para poder viajar. Na terça nos falamos e ele me disse que sua máquina (ele já foi fotógrafo) está quebrada e precisa de outra para me fotografar. Fiquei surpresa. Não pensei que ele mesmo fosse fazer as fotos. Sim. Ele me disse que, para ficar mais certa a minha viagem a São Paulo, faria fotos bem legais. Um trabalho que facilite a escolha do cliente. Mas não imaginei que seria ele o fotógrafo! Hoje, ele me disse que vai comprar outra máquina e me ligar. Foi melhor assim. Estou resfriada. Acordei às quatro da manhã me sentindo muito mal. Uma alergia! Quando acordo na madrugada, penso. Não que eu não pense durante o dia rs. Mas... no silêncio da madrugada... deitada na minha cama... quentinha... na minha casa... penso: como amo o meu sossego! E, mesmo estando decidida a falar com a diretora do colégio onde trabalho que no ano que vem quero apenas a metade das aulas que tenho neste, hoje já não sinto aquela empolgação toda da semana passada. Gosto de saber que posso ficar em casa na minha última semana de férias. Gosto de pensar que talvez possa terminar o ano mais tranquila, sem precisar faltar e sair correndo para a rodoviária (eu ainda não dirijo em São Paulo). Não me desagrada a ideia de poder dar aulas particulares para a Manu durante o segundo semestre, nas únicas duas tardes livres que tenho, como sugeriu sua mãe. Hoje... já não sei se... Hoje, sou a Juliana escrevendo a vida. A Juliana que precisa dar uma olhadinha no conteúdo do próximo bimestre.

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