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Teses_Monologos-->Reflexões sobre o nada -- 26/08/2004 - 01:48 (Ernane Calado de Souza Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Reflexões sobre o nada

Quando estava cursando o antigo curso ginasial (1º grau de hoje), eu tinha um professor que não admitia, em qualquer operação de subtração ou da prova dos noves, o aluno responder nada em vez de zero . Por exemplo 5 menos 5 igual a nada. Ou 15 noves fora 6, 6 noves fora nada. A reação do professor era imediata: “nada não existe, meu filho, é zero! Nada é ilusão da matéria!”. Isto me ficou gravado até hoje.

Recentemente coloquei uma frase no Usina, parte de uma poesia que escrevi no início do ano, que diz: “A solidão é o nada que preenche o meu vazio”
Esse dois fatos me levaram a refletir um pouco mais sobre o nada.
Observem que na frase acima temos o nada, em conjunto com o vazio e com a solidão, como a própria negação da negação. Em verdade o nada é a negação da própria lógica. Senão vejamos.

Consideremos que esta frase seja verdadeira: Existe o nada. Podemos concluir então que nada existe. Ora, se nada existe, a sentença existe o nada é falsa. Mas nós admitimos que ela é verdadeira...

O nosso mundo material é inseparável da percepção bipolar que temos da realidade, da dicotomia dos opostos, condição essencial para a nossa existência no plano material totalmente dependente dos nossos sentidos e das limitações da nossa mente e do nosso cérebro. Realidades inseparáveis da luz e das trevas, do bem e do mal, do grande e do pequeno, do quente e do frio, etc. O nada está fora dessa nossa percepção limitada das coisas, fazendo parte do conjunto das outras coisas que não compreendemos e que, para compensar as limitações da nossa percepção racional se constituem num simbolismo criado por nós para convivermos com aquilo que não compreendemos e não conseguimos explicar.

Uma das grandes questões sem resposta e que inquieta a mente do homem em todos os tempos e em todos os lugares, é quando tentamos entender a origem de tudo e acabamos esbarrando no seu oposto, o nada. A origem do Universo talvez seja um dos mistérios que mais nos inquieta por não sabermos a resposta, apenas especulamos, imaginamos e teorizamos, recorrendo quase sempre a uma concepção essencialmente religiosa. O Mito da Criação, pelo seu próprio nome, já denota um amparo nas diversas religiões para explicar o inexplicável. Em geral, todas as culturas recorrem à concepção de uma realidade absoluta ou o Absoluto que, não só conteria como transcederia a todos os opostos na sua relação bipolar. O elo de ligação entre o Absoluto e a nossa realidade é estabelecido nas diferentes definições dos Mitos da Criação.

De um modo geral, podemos classificar os mitos em duas grandes categorias. Uma que pressupõe apenas um momento da criação, chamado de Mitos com Criação e outra que admite que o Universo é, sempre foi e sempre será eterno, porém este universo é criado e destruído ciclicamente um número infinito de vezes, não havendo um momento único de criação do Universo. Esses mitos são denominados Mitos sem Criação. Nessas duas grandes categorias de mitos, as respostas à pergunta Existe um Começo?´ são duas: Sim para os mitos com criação e Não para os mitos sem criação. Cada um deles é subdividido em subcategorias. Para os mitos com criação, são concebidas três subcategorias: uma que admite a existência de um Ser Positivo, Absoluto, um Deus Criador; outra que admite a existência de um Ser Negativo ou Não-Ser, com uma criação a partir do vazio absoluto, do nada; e uma terceira que admite a existência simultânea e equilibrada de um Ser e de um Não-Ser, que conteriam todos os opostos não separados, em situação de permanente conflito entre a ordem e o caos, até o momento de sua criação. Em todos esses três mitos, está presente um momento da criação, um momento de início de contagem do tempo, a partir do zero. E antes do momento da criação, do tempo igual a zero o que existia? O nada? O que é o nada? Eis o conflito.

Os mitos sem criação admitem duas subcategorias em que não existe um momento definido para a criação do Universo, ou seja, ou o Universo sempre existiu, existe e existirá para toda a eternidade –Mito da Existência Eterna; ou o Universo é continuamente criado e destruído em um ciclo que se repete para sempre –Mito do Universo Ritmico. O que existiu antes do Universo que sempre existiu e depois do Universo que sempre existirá? Nada? Não dá para para responder. Está além dos nossos limites racionais.

Há ainda as questões do nada relacionadas com o espaço físico, sem considerações temporais. O vácuo absoluto, o Éter existe? Mas isto é a mesma história que não será contada aqui e agora,ficando para considerações posteriores.

Será que o meu professor tinha razão ao afirmar que o nada é ilusão da matéria?
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