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Cronicas-->Chamando Dr. Hans Chucrutes -- 05/07/2011 - 16:19 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

            Não sou do tipo que corre ao médico a qualquer espirro. Acredito que 90% das doenças se curam sozinhas.  Muitas “doenças” só podem receber esse nome entre aspas mesmo; são apenas ajustes do corpo capazes de provocar algum desconforto para o qual um copo d´água  fresca, um banho morno e um cochilo são um santo remédio.
            Essa reserva em relação às intervenções médicas deveria manter-me longe de hospitais, mas andei fazendo uns cálculos e consolidei uma estatística que, analisada rapidamente, leva a uma conclusão intrigante: fui a hospitais mais vezes em minha vida do que gostaria. Quase nunca para “me levar”, e muitas vezes para levar, acompanhar, visitar outras pessoas próximas ou nem tanto.  Posso dizer que acabei criando uma cultura hospitalar muito respeitável.
            A primeira associação que faço quando o assunto é hospital é com a música de Amado Batista, sucesso brega da década de 1970. “O fruto do nosso amor” é a história de um homem apaixonado que vê, pela vidraça da sala de cirurgia, a amada sofrendo a sorrir durante um parto complicado. O desfecho não poderia ser mais trágico: a mulher morre sem que ele possa ajudar, e deus leva o herdeiro também.  Essa música faz parte do repertório da banda “hard brega” de professores da qual faço parte. Sempre que a canto, fico emocionado, devo confessar. Sei que é piegas, mas é a verdade. De partida, para mim, hospital é um lugar triste, apesar de rir muito do Dr. Hans Chucrutes no famoso episódio do Pica-pau.
            Hospitais não precisam ser tristes. Para algumas pessoas, aliás, nada têm de tristes.  Há senhoras que percorrem as emergências da cidade, diariamente, para tomar informações sobre os casos raros.  A exemplo das velhinhas carpideiras que choravam profissionalmente em velórios, essas pessoas dizem que estão ali para prestar solidariedade.  Se você está lendo este texto numa sala de espera da emergência de um hospital, uma metáfora perfeita do purgatório, olhe para o lado e identifique a idosa que está ali no canto, cabeça girando feito ventilador, olhos tristes, mas com um leve sorriso no rosto. Ela fica feliz com o sofrimento alheio. Um jeito de agradecer ao universo por poupá-la temporariamente?
            Estas elucubrações sobre as casas de saúde vão continuar na próxima semana. Vou tentar mostrar a você que tem um parente internado, por que a UTI é o melhor lugar de um hospital. Encerro dirigindo-me à mãe de um bebê internado na UTI neonatal de um hospital em Sertãozinho. Estive por lá, no feriado,  para acompanhar meu sogro numa visita e a vi enterrada num lodo de angústia. A respiração dela, jovem senhora, era tão pesada que parecia expirar blocos de cimento no assoalho. Mãezinha, a reza que fazia em seu caderninho de orações não era para o seu bebê. Era para você mesma. Nessas horas de hospital, sofrer ajuda pouco o doente e revela nosso lado mais egoísta. Deixe seu filho seguir o caminho dele!  Ao fim, hospitais são um teste do entendimento humano sobre o que a vida é e o que a morte nunca foi e nunca será.

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