Um companheiro da Usina nos solicitou algumas "dicas" sobre metrificação, que, de fato, é muito maltratada pelos nossos poeteiros, inclusive os que são tratados por "mestres"...
Já temos indicado, por mais de uma vez, a leitura do Decálogo de Metrificação, de Luiz Otávio, que é sucinto e tem exemplos dados em quadrinhas, o que facilita a memorização...
Também, no livro "MÉTODO PARA TROVAR", de Francisco Nogueira, o leitor poderá ficar sabendo tudo ou quase tudo sobre o assunto. E as sua "Notas preliminares", são tão esclarecedoras, que ora transmitimos aos interessados:
1) Ensinam os gramáticos que SÍLABA é o SOM ou grupos de sons pronunciados em uma só emissão de voz. Há sílabas átonas e sílabas tônicas - que equivalem, respectivamente, a sons fracos e sons fortes.
É isso elementar, mas é também essencial no estudo da linguagem de que se
servem os poetas. Os gramáticos contam sílabas, os poetas contam sons. Porque as sílabas gramaticais se distinguem de outras, da "sílabas poéticas" - o que nos levou a preferir a referência a som, sobretudo porque na poesia, com frequência, mais de uma sílaba pode corresponder a um único som.
Dizer "som" em lugar de sílaba poética ou sílaba métrica ou outra coisa nos pareceu mais lógico, pelo que vamos expor, e apropriado ao sentido de MUSICALIDADE que procuramos dar a estes rudimentos de metrificação.
Não se trata de invenção ou descoberta nossa. Anos atrás colhemos o ensinamento em obra do poeta Murilo Araújo(A ARTE DO POETA - edição de 1956), dizendo ele que "o verso é uma sucessão ordenada de sons verbais."
Mas não só Murilo Araújo nos justifica. O português Teófilo Braga, na introdução ao "Dicionário de Rimas" de Costa Lima (1952) - embora se referindo de ordinário a sílabas, não deixou de dizer que "a metrificação compreende todos os delicados sons da palavra e da frase".
E no seu "TRATADO DE VERSIFICAÇÃO (página 38 da edição de 1944) Olavo Bilac e Guimarães Passos afirmam que "o metrificador apenas conta por sílabas aqueles sons que lhe ferem o ouvido."
2) Assim justificada a nossa referência a som e não a sílaba, acrescentemos que aqui também nos referimos a VERSO DE SETE SONS em lugar de setissilábico, verso de sete sílabas e redondilha maior.
3)Na PRIMEIRA parte deste livro tratamos apenas da trova e do verso que a compõe, invariavelmente de sete sons. No tocante a rimas, só estudamos as consoantes - cruzadas, dado que na trova, hoje em dia, não se usam outras, - principalmente em concursos e jogos florais.
Na SEGUNDA PARTE, para interessados em ampliar seus conhecimentos da técnica do verso (metrificado e livre), damos breves noções de versificação em geral, das quais remetemos o trovador a um ponto ou outro, quando necessária alguma comparação.
4) Finalmnte, cumpre esclarecer que aqui apresentamos um MÉTODO, um sistema, um modo peculiar de estudo da trova e de outras composições poéticas, sendo nossa intenção subsidiar tal estudo e jamais presumir de absoluta sapiência. Ao leitor nada impedirá que pesquise, selecione e ponha em prática outros ensinamentos, pois todos podem ser úteis, e livres são os domínios da Arte." Francisco Nogueira
Exemplos de junção = faltando ar fica horas belo é sei que há
separação = será/irmão fé/ardente vivi/assim só/amanhã
E até a próxima, se Deus quiser!
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