Fizemos muita coisa juntos, crescemos juntos, um apoiando e incentivando o outro.
Chegamos a um ponto, porém, em que não temos mais como ajudar o outro a continuar crescendo.
Tenho consciência de que, atualmente, não tenho o que lhe oferecer em termos de aventura e emoções fortes.
Se continuarmos juntos, corremos o risco de anularmos nossas personalidades deixando de vivenciar experiências novas e gratificantes.
Nosso senso de ética impede-nos de buscar, fora do nosso relacionamento, a satisfação passageira com outros personagens dessa farsa existencial criada pelos homens para regular a vida em sociedade.
Para mantermos a aparência de um casal unido, feliz e realizado em todos os sentidos, teremos que sufocar nossos impulsos e desejos mais profundos e isto pode nos transformar, com o tempo, em pessoas ressentidas, amargas e infelizes. Ou talvez agradeçamos por ter conseguido levar a vida sem muitos atropelos, protegidos de um futuro incerto que poderia trazer-nos solidão e relacionamentos satisfatórios no início, mas com conseqüências dolorosas no final.
Talvez a luta para manter este relacionamento seja inútil e inglória, levando-nos a perder o respeito e admiração que ainda sentimos um pelo outro.
Não quero tornar-me um empecilho na sua vida. Prefiro dar-lhe a liberdade enquanto temos tempo para reconstruirmos nossas vidas.
Vou partir para não me anular e não ver quem eu amo perder o brilho do olhar por ter se resignado a uma vida sem surpresas.
Vou partir antes que a insatisfação destrua até a lembrança dos bons momentos vividos lado a lado.