A inveja o estava corroendo a tal ponto, que ele decidiu matar o seu bem-sucedido amigo. No dia da grande empreitada, convidou-o para o almoço. Com a arma na cintura e a mão no ombro da futura vítima, perguntou-lhe, descontraidamente, qual seria a sua definição para “sucesso”. De primeira, o amigo respondeu-lhe que “sucesso era o reconhecimento público de uma atividade que, normalmente, a pessoa já se preocupava em praticar há muito tempo”. Encostando a mão na coronha da arma, para certificar-se de que estava bem presa na cintura, fez a segunda pergunta: “Considerando o seu sucesso, como você definiria, então, a inveja?”. O sujeito, mais uma vez, respondeu-lhe sem pestanejar: “A inveja, meu caro, nada mais é do que o sentimento de um amigo solidário que ficou para trás”. Diante daquela resposta considerada cínica, puxou a arma e disparou três tiros à queima-roupa no tórax do rapaz, que caiu no chão.
Um policial que estava nas proximidades prendeu-o em flagrante. Enquanto as pessoas mobilizavam-se para chamar a ambulância e o suposto assassino preparava-se para entrar no carro da polícia, para espanto de todos, a vítima levantou-se, foi na direção do seu algoz e complementou: “O sucesso tem muito de acaso e muito de dedicação. Com certeza, a inveja não é um sentimento escolhido espontaneamente pelas pessoas. Acredito que só o trabalho e a inteligência não sejam suficientes para que a pessoa seja bem-sucedida. É necessário, também, um bocado de sorte. Não estou falando isto só porque hoje é o primeiro dia em que estou usando o meu colete à prova de balas. Para que essa fórmula dê certo, é preciso que ela se repita a cada novo dia de sua vida”.
O invejoso ainda tentou cuspir no rosto do seu desafeto, mas, mais uma vez, faltaram-lhe sorte e competência.
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