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Cartas-->CARTA AOS MEUS SOBRINHOS -- 15/10/2005 - 13:58 (José J Serpa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VISITA INDESEJADA

Chama-se H5N1 e é um vírus. Quer dizer, não chega a ser bicho nem planta, não tem metabolismo próprio. Vive nos aviários, mais especificamente nas células das galinhas e dos patos. Mas é um vírus contagioso e mau. Pode transformar-se numa epidemia global e matar milhões de pessoas. Foi exactamente isso que um antepassado seu fez em 1918. Matou cerca de 50 milhões de pessoas, em menos de um ano.

O H5N1 é o vírus da gripe das aves, da gripe aviária, da avian flu ou bird flu.

Na Organização Mundial de Saúde, as pessoas andam preocupadíssimas. O Dr. David Nabarro da OMS, que foi encarregado pela ONU de chefiar uma comissão de estudo e informação sobre o H5N1, acha que é possível que a gripe das aves se venha a transformar numa epidemia geral e venha a ser muito mais perigosa do que a Gripe de 1918 que vitimou os tais 50 de milhões de pessoas, em todo o mundo.

Em algumas povoações matou toda a gente, e só não chegou a algumas ilhas remotas do Pacífico. A Ilha de Marajó, na foz do Rio Amazonas, no Brasil, também não foi visitada pela gripe das aves de 1918. Naquele tempo, não lhe chamavam gripe das aves, avian flu, mas parece estar hoje determinado que o terrível vírus de 1918 também começou nas aves, como o actual H5N1, e das aves passou às pessoas. Depois, o contágio passou a ser de pessoa para pessoa e foi assim que se deu a epidemia global.

A trajectória de contágio do H5N1, até agora, tem sido apenas de ave para ave e em casos relativamente raros de ave para pessoa, mas não de pessoa para pessoa – ainda... Até ao presente já morreram milhões de aves, mas apenas cento e poucas pessoas apanharam o vírus. O que se teme é que se estabeleça contágio de pessoa para pessoa, porque então a epidemia pode alastra-se ao mundo inteiro numa questão de poucos meses.

Os grandes meios de informação têm sido prontos em alertar a opinião pública mundial para esta terrível epidemia que começou nos aviários do Sudeste Asiático e já se encontra na Turquia e na Hungria. Da existência deste inimigo comum já não restam dúvidas a ninguém. O H5N1 está à porta. À minha porta, à vossa porta, caros Sobrinhos e Sobrinhas... À porta de todos e cada um de nós. Ainda não bateu, mas está à porta. É visita certa. Só não se sabe o momento exacto em que vai querer entrar. O que é preciso é estarmos preparados para o embate.

E a preparação, parece-me, faz-se ao longo de três frentes: a frente informativa, a frente técnica e a frente política.

A divulgação está a ser feita. Rádio, televisão, jornais, revistas... um pouco por todo o lado se fala se escreve sobre a bird flu. Há entrevistas com epidemiologistas, conferências, artigos de fundo...

A frente política também parece estar em movimento. No Congresso dos Estados Unidos debruçam-se sobre o assunto, e aprovam-se fundos, a Comissão Europeia também se debruça sobre a questão e envia técnicos à Turquia e à Hungria. Em muitos países, há já planos de defesa contra a gripe das aves que incluem projectos de quarentena, utilização de forças armadas, etc.

É na frente técnica que tudo parece emperrado. Não há vacinas para prevenir. Não há medicamentos específicos (antivírus, creio eu) para tratar. Não há camas nos hospitais, nem enfermeiros, nem médicos que cheguem para as centenas de milhões de possíveis doentes. Não há morgues, nem cemitérios que cheguem para os possíveis 360 milhões de mortos.

...E se os meus Sobrinhos pensam que eu estou a exagerar, informem-se, leiam... A National Geographic Magazine deste mês de Outubro traz um artigo de 30 páginas sobre o H5N1, a indesejável visita que, a cada momento, se prepara para nos entrar em casa.
Oxalá se vá adiando este fatal encontro, e se vá aproveitando bem o tempo para nos prepararmos... que homem preparado vale por dois.
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