Para tudo que eu quero descer. Mas pela escada ou pelo elevador. Descer decentemente.

Moro no centro de Ribeirão Preto, próximo a um shopping chamado Santa Úrsula. É um lugar agradável e bem frequentado. É um shopping vertical com aproximadamente dezoito metros de altura. Quando menor, o Carlo, meu filho, adorava que eu o levasse para ver os enfeites de Natal, O Papai Noel e as apresentações que aconteciam de uma em uma hora. Os enfeites se mexiam e lindas canções nós ouvíamos. Enfim, íamos quase todas as tardes curtir o clima natalino. Ainda vou muito lá, o Carlo está maior e tem sempre uma festa de amigo para ir. Como deixo tudo para a última hora é pra lá que corro comprar presentes. Sempre. O problema, espero não ser processada por escrever isto, é que virou um ponto de suicidas. É. Suicidas! Essa semana soube da terceira pessoa que se jogou do último andar!

Agora eu te pergunto: o que leva uma pessoa a se jogar do último andar de um shopping? Não! Nada vai me fazer entender. Está certo que são pessoas atormentadas. Não dão a mínima importância para a própria vida, quem dirá para a do próximo! Mas mesmo entendendo que são perturbadas, não aceito o fato de um ser, em plena época de Natal, ir a um lugar em que famílias passeiam, em ritmo de festas, cheias de amor, com os corações esperançosos de que tudo será melhor... para se atirar do terceiro andar e proporcionar a essas pessoas uma cena mórbida, horrenda, grosseira... É estúpido demais! É o cúmulo do egoísmo! Foi o que uma senhora fez há uns dois anos.

Antes dela foi um homem, acho que tinha aproximadamente uns cinquenta anos. E agora um jovem de trinta e dois mal vividos anos! Estou revoltada! Meus alunos estavam no cinema desse shopping quando esse homem se jogou. Disseram que o barulho é sinistro! Não dá... pelo amor de Deus... você sai de casa para passar uma tarde agradável em um lugar também agradável e assiste a uma coisa horrível como essa! É o fim! Sem contar que também podemos morrer. E se esse infeliz cai sobre um feliz? Que estrago não faria? Duas mortes: a do atormentado e a do coitado!

Estou mesmo revoltada! Não sou a favor de suicídio, pelo contrário, a vida é maravilhosa, cheia de possibilidades. Mas quer se matar? Toma veneno. Vai morrer em casa! E sozinho de preferência.  Ninguém merece carregar uma brutalidade dessa pelo resto da vida.