BOCA DE CASSANDRA
(Parece que eu estava adivinhando!...)
— Carta a um amigo —
Brasília, 18 de janeiro de 2003
Caro Ken,
A finalidade desta é a de agradecer-lhe, deveras, por suas gentis palavras sobre minha família, e...
(...)
Bem, isto é quase tudo que eu tinha a dizer. Como todo mundo, estou apenas esperando (e não ansiosamente!) para ver o Sr. Hussein “desempenhar o papel do Cordeiro” na produção pessoal do Sr. Bush da Fábula de La Fontaine, “O Lobo e o Cordeiro”. Para a maior parte de nós, aqui, parece que Bush Jr. quer terminar “o serviço deixado inacabado” pelo seu papai (para, dessa forma, ganhar autoconfiança e levar vantagem sobre seu pai!). Em minha própria opinião pessoal (e portanto irrele-vante!), o Sr. Bush está condenando o Povo Americano a viver com medo até que toda esta atual gera-ção se extinga. Para a maioria dos Árabes e Muçulmanos, vingança é como que um “ato de fé”, exata-mente como a Jihad (Guerra Santa). A guerra vai continuar, e continuar, e continuar, desenrolando-se em território Americano, mesmo após Bagdá tenha sido tomada e/ou calcinada. Se o Sr. Bush real-mente pensa que os acontecimentos de 11 de setembro são tudo o que o terrorismo árabe pode realizar, ele se engana redondamente!. Exatamente como John Paul Jones, eles “ainda nem começaram a lu-tar”...; e mais especialmente hoje em dia, em que os variados meios de matança, e destruição, em massa encontram-se tão facilmente (e profusamente!) disponíveis a grupos terroristas de médio porte (a Al Qaeda sendo apenas um, dentre muitos deles!). Ademais, os USA são “um alvo muito grande”, o que significa que interesses americanos podem (e haverão de!) ser atingidos em qualquer lugar do mundo.
Em Suma, não acho que as diretrizes políticas externas do Sr. Bush, na medida em que lhe estão elas sendo ditadas (e por ele postas em prática!) pelo Complexo Militar – Industrial Americano, jamais “trarão bons frutos”; ou, pelo menos, NÃO do ponto-de-vista de “Nós, o Povo” (i.e., o cidadão comum norte-americano). De toda sorte, o tempo dirá... .
Apenas ESPEREMOS que todos os nossos amigos e parentes (além de nós próprios!), consigamos sobreviver de algum modo (tomara que “sãos e salvos”), aos atos de pura loucura, bem como aos sonhos de glória e conquista vãs do Sr. Bush. Espero que nenhum de nós tenha de retornar ao mato (= bushes...), nem tornar-se bosquímano (Bush Man...), ou tenha que ir se esconder nas moitas (in the bushes...). Tudo isto teria sido hilário, se não fosse tão trágico.
Com os melhores votos, a todos vocês, de seu amigo no Brasil,
Fernando
O ORIGINAL
Brasília, Jan. 18th, 2003
Dear Ken,
This is to, thank you, indeed, for you kind words on my familv, and.
Well, that s about all I had to say. Like everybody else, I m just waiting (and not eagerly!) to watch Mr. Hussein "play the Lamb s role", in Mr. Bush s own production of La Fontaine s Fable, "The Wolf and the Lamb". To most of us down here, it looks as if Bush Jr. wants to finish "the job left un-done" by his dad (and, therefore, win self-assurance, and leverage, over his father!). In my own per-sonal (and therefore irrelevant!) opinion, Mr. Bush is condamning the American People to live in fear until all this present generation passes out. To most Arabs and Muslims, revenge is an "act of faith", just like Jihad (Holly War). The war will go on, and on, and on, taking place on U.S. territory, even after Baghdad is taken, and/ or burnt to a cinder. If Mr. Bush actually thinks that the events of Sept. 11th are all Arabic Terrorism can do, he s very wrong!. Just like John Paul Jones, they have "not yet even started to fight"...; and most especially nowadays, when the sundry means of mass killing, and destruction, are so easily (and plentifully!) available to average terrorist groups (Al Qaeda being just one, out of many!). Furthermore, the U.S.A. are "a very large target", which means that U.S. interests can (and will!) be hit anywhere in the world. In sum, I don t think Mr. Bush s foreign policies, such as are being dictated to him (and put into practice by him) by the U.S. Military- Industrial Complex, will ever "pay off"; or, at least, NOT from the standpoint of "We, the People" (i.e., the American Common Citizen). Anyway, time will tell... . Let us just HOPE all our friends and relatives (and ourselves!), will, somehow, manage to survive (hopefully "safe and sound") Mr. Bush s acts of sheer madness, and dreams of vain glory and conquest. I hope none of us will have to go back to the bushes (...), or become bushmen (...), or have to go hide in the bushes (...). This would have been hilarious, if it were not so tragic.
Best wishes, to all of you,
from your friend in Brasil,
Femando.
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