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Cronicas-->1971 - Carole King e Eu -- 16/01/2011 - 20:13 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Stayed in bed all mornin`, Just to pass the time... And it´s too late, baby, Now it´s too late... Carole King é uma das minhas namoradas, que eu nunca tive. Tudo começou, por causa de uma namoradinha, que eu também nunca tive. O fio que nos une é a música It´s Too Late, sempre estou ouvindo. Já tive o compacto, depois o LP, até o CD... Não se lembra? Sem preocupação. É só tecnologia, a música é a mesma. Though we really did try to make it. Somethin` inside has died And I can`t hide and I just can`t fake it. Oh, no, no... Procure no YouTube.

No primeiro sábado de dezembro de mil novecentos e setenta e um, sentado naquela rampa gramada, do Nestor, vendo um jogo de vólei, parte daquele dia alegre, final de aulas, uma menina me entregou um correio elegante. Olha que coisa. "Oi menino bonito, quero conversar com você... te espero ali no portão daqui a pouco." Li e dei risada. Não dei bola. Mas, bateram nas minhas costas - E aí, vai continuar fazendo onda... quero conversar com você. Olhei e vi uma moça de rosto lindo, mais moça e mais cheinha. Não tive ação. Fui. Ela pegou um Corcelzinho, branquinho, da Dona Carmen, novinho. Demos uma volta pela cidade e paramos um instante lá no alto da torre. Só conversa, foi só uma vontade de me conhecer. Voltamos... Tchau. Alguém até me falou - puxa hein, ela te ganhou. Voltei para a festa. Só.

Eu morava em Itapetininga, terminando o terceiro colegial, lá no Modesto. Trabalhava nos Giriboni e nas noites ficava em frente o Venàncio, conversando com o Pucci e o Vandico. Nessa época, as aulas já tinham terminado, faltavam as notas. Depois, a gente ia jogar pebolim até de noitão. Na segunda, antes disso, o Pucci, uma prima dele e eu, sentados no banco, só conversa fora. Depois eu soube que a prima queria conversar mais. Ouvi: Oi menino bonito, quer comer um xis salada com a gente, lá no Zocar. Venha. Nem chauzinho dei. Segui. Era o mesmo Corcelzinho, mais duas pessoas e ela mesmo me levando, de rosto lindo, mais moça e mais cheinha. Pediu prá viagem, eu nem quis. Nem falava nada. Só sentia.

Sei que fiquei sentado um tempão naquele sofá, numa sala imensa, com um jardim interno, uma mesa de pedra ao meio e só luar para olhar. Que lua, uma das maiores que eu me lembro. Nem precisava falar, bastava ficar ali. Chegou o irmão dela, mais de trinta e cheio de histórias, um fortão. Ele comandava as conversas. Mais umas três pessoas. Não tenho a menor lembrança dos assuntos. Alguém ligou a vitrola, não qualquer uma. Uma super não sei o que, mas... importa a música e começou com Chico Buarque, aquele LP tinindo de bom - Construção. Uma música cheia de emblemas, só com proparoxítonas. Era lindo. Aquele rosto lindo, mais moça e mais cheinha, falou - Vamos ouvir este compacto aqui. Stayed in bed all mornin`, quando começou, viajei e ela também. A coisa mais linda que eu já tinha ouvido. It´s too late.

Fui embora mais tarde, a pé mesmo, até a casa da minha vó, lá atrás do Balint, perto da linha, já namorando a Carole. Assim foi na terça, na quarta e na quinta. Eu subia na praça, eles passavam, me pegavam, os lanches e sala, sofá e Construção e ela, Carole King. Acho que nem selinho rolou, talvez uns abraços, também aquela meia dúzia de pessoas só queria conversa e canções. Na sexta: Oi Jairo, era uma delas, mas não ela. - Hoje, ela não vem, vai estudar pro vestibular domingo. Quer vir com a gente? Não, vou ficar e jogar pebolim com a turma. Nesse momento, a moça de rosto lindo, mais moça e mais cheinha, me deixou. Nunca mais a vi. Nem direi o nome dela. Só que tinha um rosto lindo, era mais moça e mais cheinha. Quem ficou mesmo foi It´s Too Late e Carole King. There`ll be good times again. For me and you.
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