Eu acredito em Deus. Dispenso qualquer teoria que me queira mostrar a sua inexistência. Por Ele sou guiada e abençoada. O percebo nas mínimas coisas.
No dia 30/12/2010 me aconteceu uma coisa que mexeu comigo. Talvez tenha mexido porque sou sensível demais para estar nesse mundo. Mas quero dividir.
Saí da psicóloga do meu filho e por ele fui convidada a comer um salgado. Embora fosse hora do almoço, íamos a outro lugar antes de voltar para casa e estávamos com fome. Fomos ali mesmo, na Avenida Nove de Julho, próximo a um cruzamento onde ficam crianças pedindo dinheiro.
Sentamo-nos ao fundo da lanchonete. De repente fui abordada por três crianças de rua que já tinham pedido nas outras duas mesas que estavam ocupadas. Sem sucesso, vieram com fervor para cima de mim! Confesso que me incomodei, no início, com os três praticamente colados em mim e no Carlo. Mas logo meu coração amoleceu. Pediram que lhes desse salgado, pois tinham muita fome. Disse que tudo bem, podiam escolher. Quase enlouqueceram a balconista! Um deles pegou seu almoço e saiu correndo do estabelecimento. Não sei, mas acho que foi dividir com alguém. Senti pelo jeito que olhou para os lados quando chegou à calçada. Ficaram o outro menino e a menina. Comiam de um jeito que estampava a fome. Uma outra mulher os deu refrigerante, mas não tomaram enquanto comiam. Ao se levantarem para ir embora, o menino, que usava um boné preto virado para trás e que tinha no rosto um sorriso verdadeiramente lindo, apontou-me o dedo indicador e disse: moça, Deus vai te abençoar. Prontamente eu respondi: eu sei. Mas depois que eles foram embora, a minha prontidão deu lugar a uma viagem em meus pensamentos. O que faz uma criança abandonada, ou parcialmente abandonada, acreditar em Deus?
Pode ser que muitas sejam instruídas pelos cafajestes que as obrigam a pedir que agradeçam em nome de Deus, mas não me pareceu ser o caso desse menino. Ele mexeu comigo! Eu o senti verdadeiro no que falava. Ele acredita em Deus. Tem uma vida miserável e acredita.
Esse garoto sem estudo me deu uma lição! Reclamamos demais. Exigimos muito da vida. Queremos o que é desnecessário para ser realmente feliz. E esse menino não sabia a que horas comeria novamente! Chorei.