"Por favor, senhor McGee, não me irrite!"
Com cinco, seis anos, eu adorava assistir aos episódios do Incrível Hulk. Ficava fascinada ao ver aquele médico franzino(interpretado pelo ator Bill Bixby) se transformar numa montanha de músculos que rasgava sua camisa e dava forma ao Gigante Esmeralda, o Incrível Hulk(Lou Ferrigno). Se bem que de esmeralda ele não tinha nada. As cenas eram toscas, soube agora que sua maquiagem não era completa, nos pés usava sapatilhas verdes! Mas com cinco, seis anos eu me deliciava com toda essa bizarrice.
Lembro-me bem do cabelo amarelo, da cara não muito esperta e do enorme corpo do meu super-herói favorito! Também lembro que ele corria, acho que no final do episódio, lentamente. A cena chegava a ser triste. Ele era filmado por trás, fugindo. Ele corria e eu me encantava vendo aquilo rsrs...
Um dia, brincando na parte externa da minha casa, encontrei umas latas de tinta que meu pai usaria para pintar a garagem. Se não me engano, eram duas ou três latas. Uma estava aberta, eu vi. Eu bati os olhos na cor da tinta e os senti irradiarem. Era verde! Impulsiva que sou desde que nasci, peguei a lata, como quem não quer nada, para ver se pesava muito. Não pesava. Rapidamente a encimei sobre minha cabeça e despejei toda a tinta que tinha lá dentro! Espalhei bem a cor verde pelo meu corpo(lembro que fiquei só com um shortinho) e fui para a calçada correr e gritar: eu sou o Incrível Hulk!
É. Acredite. Eu fiz isso.
A parte chata, para mim trágica, dessa história, foi o desespero dos meus pais quando me viram toda verde. Levaram-me, desorientados, para a casa da minha avó materna, ela ajudou minha mãe a remover o Hulk de mim. As duas me esfregaram tanto que eu chorava e gritava: nunca mais vou tomar banho na minha vida!
Meu pai, bravo, dizia que eu podia ter me intoxicado. Acha que uma criança pensa nisso diante da possibilidade de ser por um dia seu super-herói querido? Eu lá sabia o que era intoxicação!
Sei que cortaram meu cabelo bem curto. Minha mãe diz que fiquei por um tempo com os fios espetados. E verdes! |
