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Artigos-->O Baú de Carlos Pompe -- 30/06/2003 - 18:47 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O Baú Furado do Amigo Carlos Pompe

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Tenho, neste site, divulgado vários artigos a respeito dessa polêmica antiga, envolvendo, de certa forma, o mito acerca de um provável conflito, que existiria entre Ciência e Religião. No afã de buscar uma prova “material” da existência ou não de Deus - ou de seu filho, Jesus -, muita gente esquece de separar o raciocínio “lógico” de nosso planeta, ao que seria aceitável, no plano do divino, do contexto imaterial, que depende, para sua compreensão, de uma certa dose de fé.



“Há mais coisas entre o céu e a terra do que possa sonhar nossa vã filosofia”. Assim, resumiu o grande escritor Shakespeare, na sua famosa obra.



Ainda que possamos estar, simplesmente, provocando uma grande discussão, penso numa outra possibilidade: a de que sempre existem pessoas com dificuldades existenciais necessitando, provavelmente, de um esclarecimento a mais, de um novo rumo ou de uma nova motivação, que lhe devolva a esperança e, assim, possa encontrar a solução para resolver algum problema de que tenha sido vítima, dentre tantos inerentes à nossa frágil condição humana. .





O Golpe do Baú, do nosso amigo e grande jornalista Carlos Pompe, a bem da verdade, caminha na mesma direção da descrença presumida. De braços dado com São Tomé.



O escritor Jorge P. Cintra, Doutor em Engenharia e professor de Filosofia da Ciência e da Técnica da USP, em seu livro “Deus e os Cientistas” – Ed. Quadrante, assim se pronuncia:



“Segundo o mecanicismo, a pedra filosofal já não necessitaria de ser procurada (...) ela estaria dentro de nós mesmos, representada pela razão e pela ciência. (...) nada ficaria por explicar: era apenas uma questão de tempo. E, com a explicação científica, muito em breve a religião deixaria de existir ou pelo menos deixaria de ser necessária”. É o que supracitado escritor define como “Reducionismo Científico”.



No entanto, enfatiza o escritor mais adiante, que o afã de explicar todas as coisas pela via do “cientificismo”, é uma pretensão que vem se mostrando, ao longo de tempo, totalmente descabida. Basta lembrarmos do dia em que o homem, pela primeira vez, pisava a superfície lunar.



Este feito científico, datado de 1969, e visto pela televisão por milhares de pessoas, ao vivo, foi o acontecimento mais importante do século. Falava-se que o feito iria causar profundo desgaste nas convicções religiosas. O tempo passou, e a religião continua com suas verdades imutáveis.



A única coisa que ficou comprovada, a partir daquele acontecimento, é que continua a intromissão, ingênua e irresponsável, de amadores e profissionais da ciência, movidos talvez pelo egoísmo e pela vaidade, em campos que lhes são desconhecidos, em especial o da religião, onde tentam descobrir “furos” para que suas teses contrárias à existência de um Ser Superior, possa dar lugar ao espaço pretendido por eles para substituir o próprio Deus.



La Place, por exemplo, “pretendeu atingir uma compreensão total do mundo a partir da simulação do universo, valendo-se de um sistema de equações diferenciais em função do tempo. O conhecimento de um estado inicial (a posição e a velocidade de todas as partículas do universo) e a correspondente solução das equações, teria como conseqüência a possibilidade de prever o futuro e de conhecer o passado com precisão.”



Esta afirmação, mais recentemente, foi levantada por outro cientistas, chamado Henri Poincaré, que modificou o argumento levantado por La Place para incluir o método dos elementos finitos e o cálculo por computador.



“Referidas pretensões, como não poderiam deixar de ser, foram consideradas, posteriormente, inconsistentes e improváveis.” Seus autores teriam desconhecidos alguns detalhes importantes: de um lado, as limitações da própria ciência, e de outro, da própria inteligência humana. E, por fim, não menos importante, deixaram de levar em conta “a riqueza, a imensidão e a inesgotabilidade do mundo real”, conforme nos ensina Jorge P. Cintra. .



Já o grande filósofo e matemático Descartes, reconhecidamente um dos grandes nomes da ciência de todos os tempos, tentou extrapolar suas convicções matemáticas para todos os ramos do conhecimento humano, chegando ao cúmulo de pretender realizar racionalmente o grande sonho do mundo antigo e medieval: a fonte da juventude. “Uma medicina matemática” haveria de permitir-nos viver para sempre, coisa que Descartes decerto almejava. “Nem será preciso dizer quem ganhou esta corrida contra o tempo. Descartes, como qualquer mortal, acometido de uma pneumonia aguda, faleceu em fevereiro de 1630.”



Diante da beleza e das maravilhas do universo em que vivemos, todos os homens sonharam, levantaram teses ou simplesmente admiraram ou escreveram sobre ele um punhado de versos, carregados de emoção. E alguns pensaram em dominá-lo, excluindo ou negando a presença ou a existência do Criador.



Ao longo de nossas vidas, o conhecimento que adquirimos ou vem por meio da experiência direta ou através da confiança na palavra daqueles que nos transmitem as informações, ou seja, através da fé humana. :Para viver, temos que acreditar no que dizem os jornais, os livros, os professores, os cientistas, a televisão, o cinema, etc., naturalmente que para tanto necessitemos, sempre, praticar o exercício do bom senso crítico. O que não podemos, ou não devemos é, a todo tempo, nos colocarmos em posição de desconfiança, posto que, desse modo, não viveríamos.



Dizemos isso para lembrar que a fé religiosa é também uma forma de conhecer. Significa acreditar nas verdades reveladas por Deus. Neste sentido, a fé não é uma luz no final do túnel. Nem uma confiança cega. É um meio de acesso a uma série de verdades que dificilmente seriam atingidas por outros meios.



“Contrariamente ao que pensam alguns, a fé não é, portanto, algo puramente subjetivo, emocional ou mesmo irracional, no sentido de ser totalmente absurda e incompreensível”. A fé, é, também, um ato de razão, que reflete e entende o seu conteúdo, “ainda que imperfeitamente, como aliás acontece com muitas verdades naturais”.



Entretanto, sempre haverá gente disposta a acreditar somente no que vê e no que sente. Sempre haverá, por conseguinte, os que permanecerão adeptos do materialismo. Para estes, vale lembrar que os conceitos de espaço, tempo, matéria, energia e vácuo, têm um significado físico diferente dos seus semelhantes em metafísica. Por isso, não faz sentido falar de fenômenos físicos anteriores à criação do universo. Não cabe, portanto, insinuar qualquer elo causal entre a criação do universo e o famoso Big Bang, pois antes desta propalada grande “explosão” , já havia algo, ou seja, justamente aquilo que teria explodido. “O nada metafísico (a ausência de ser) não se confunde com o vácuo da física nem com a ausência da matéria, pois aí continua a existir alguma coisa, pelo menos o espaço físico”.



1. Albert Einstein (1879-1955) – físico, judeu alemão, criador da teoria da relatividade. Nobel de 1921. “Todo o profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois não pode admitir que seja ele o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que contempla. No universo, imcompreensível como é, manifesta-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num grande equívoco. Quem a quisesse depreender das minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento”.



2. Werner von Braun (1912-1977) – físico alemão radicado nos EUA. Diretor técnico da NASA, responsável pela colocação do homem na lua. “Não se pode de maneira nenhuma justificar a opinião, de vez em quando formulada, de que na época das viagens espaciais temos conhecimento da natureza tais que já não precisamos de crer em Deus. Somente uma renovada fé em Deus pode provocar a mudança que salve da catástrofe o nosso mundo. Ciência e religião são, pois, irmãs, e não pólos antiéticos”. E: “Quanto mais compreendemos a complexidade da estrutura atômica, a natureza da vida ou o caminho das galáxias, tanto mais encontramos razões novas para nos assombrarmos diante dos esplendores da criação divina”.





Muita gente ignora, inclusive, o que seria a fé. Aquela história de remover montanhas e outras coisas. Mas, poucos procuram inteirar-se de sua grandeza. De qualquer modo, vale lembrar que o começo seria a escolha de uma religião. A pessoa escolhe a religião que bem entende, segundo seus princípios e valores morais. Segundo suas crenças. O importante é escolher. Não podemos achar que sozinhos poderemos resolver todos os nossos problemas de ordem existencial. Seria muita pretensão.



Evidentemente, não concordo com o excesso de religiões e seitas que andam por aí. Para mim só existe uma verdade: Deus. Ou como queira mos chamá-lo. Ele foi muito bom e misericordioso ao nos conceder o livre arbítrio. Com o poder que tem, poderia, como faz qualquer ditador, impor a sua vontade. Mas não. Deus, na verdade quer que todos nós tenhamos responsabilidade pelos nossos atos. Liberdade, inclusive, para contestá-lo. Isto quer dizer que ele nos deixou livres para escolher nossos caminhos.



E ainda nos ajudou nessa missão, chegando a fazer-se carne, através de seu filho, Jesus Cristo, que veio aqui para ensinar e salvar a todos nós.



Mas, não é novidade. Tem gente que não acredita e ainda perde tempo em tentar mostrar que Deus não existe. Muito embora valendo-se de argumentações inconsistentes. Sem argumentação lógica, para usar o refrão científico.



Até falar mal de Deus eu já vi. Não sei o que uma pessoa dessa pretende com isso. Mesmo que não se acredite em Deus, não se pode contestar a validade dos ensinamentos a Ele atribuídos. Quem poderia ser contra a fraternidade? Ao amor ao próximo. À caridade? A viver com um propósito sadio? Com fé e esperança?



É preciso checar as informações, como faz qualquer bom jornalista. Para descobrir, por exemplo:



“só é autêntico o homem que pensa e procura sinceramente uma resposta inteligente às perguntas: quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? Para que vivo? Qual o verdadeiro bem do mundo, da sociedade da qual faço parte?



Quem prescinde dessas perguntas, movido apenas pelo instinto, vivendo para suas vontades, pela atração do prazer, pelo imediatismo, do que gosta e do quem tem vontade de fazer, esse não é um homem autêntico. Ficou no estágio animal. “Deus ama a verdade, no fundo do coração” Salmo 51. O que Ele nos pede é sinceridade. E ensina que, “sem ela, a vida, a religiosidade e o comportamento do homem ficam viciados”.



“...sempre confundimos autenticidade com espontaneidade. São conceitos diferentes. Espontaneidade é apenas uma constatação. Ela, em si, não é boa, nem má. A única coisa que faz a espontaneidade é abrir nosso coração. De lá podem sair coisas boas ou más. Se você tem preguiça, sairá preguiça. É como uma chapa do pulmão: revela, mas não melhora nem piora a saúde. Por isso, não podemos confundir espontaneidade com autenticidade. Algumas pessoas dizem: seja autêntico! Não se reprima! Faça o que você gosta! Isso não é ser autêntico, isso é espontaneidade. Do mesmo jeito ao dizer: eu não ligo para essa babaquice de religião! Eu quero é curtir a vida!”



“Um homem não é um pedaço de matéria orgânica. Tem inteligência e vontade.Tem o poder, tem a capacidade de pensar, em si mesmo, no mundo e na vida, e de tomar posição. De decidir. À cada amanhecer. Por isso, para ser coerente consigo mesmo,isto é, autêntico, deve pensar, esforçar-se por entender o sentido da vida, deve orientar consciente e livremente os rumos que a razão lhe indicar”.



Há muitos que pensam que pensam. Julgam que pensam. Mas não pensam. Justamente por termos uma inteligência, diferente da dos animais, e uma vontade livre, é que somos os responsáveis pela nossa vida. A questão que se coloca, a questão principal, portanto, é



“O que vamos fazer de nossa vida?



A razão foi-nos dada para empregá-la como guia das nossas ações. Você se considera filho de Deus? Então só será autêntico filho de Deus se viver de maneira mais coerente possível com a sua condição de filho de Deus: de um filho “pensado” e “querido” por Deus. De um filho colocado no mundo por Deus, com amor , para algo, porque Deus não cria filhos para nada. Todo filho, portanto, deve ter uma vocação e uma missão a cumprir. A vida de um filho de Deus não se esgota neste mundo, mas se projeta para a eternidade. Este mundo é passageiro.



”Tudo isto é diferente de possuir bens materiais, de enriquecer, gozar dos prazeres da vida. A sua realização como homem autêntico está na razão de viver.. De viver eternamente. Só por isso você é humano. Porque sente sede de sentido, sem o qual tudo acaba em absurdo e frustração”.



“O nosso maior segredo, e que às vezes a gente procura esconder de nós mesmos, e que precisamos de Deus; que estamos fartos e que já não podemos continuar sozinhos. Precisamos de Deus para que nos ajude a dar, pois, tudo indica, que já não somos capazes de dar; para que nos ajude a ser generoso, pois desconheço a generosidade; precisamos de Deus para que nos ajude a amar, pois nos parece que perdemos a capacidade de amar, na acepção ampla do termo”



Mas, todo isso depende da fé. Para isso precisamos ter fé. Mas o que será a fé? Responde o citado escritor:



“A crença, pacientemente conquistada. E começamos a entender a fé a partir do conhecimento do que não seja a fé. Para não se perder. E o que não é a fé? A fé não é, por exemplo: uma impressão ou um sentimento; uma certa forma de otimismo, em face da vida; a satisfação de uma necessidade de segurança; uma opinião; uma regra de bom comportamento moral; uma convicção baseada apenas no raciocínio ou uma evidência científica.”



“ A fé é, em primeiro lugar, uma graça, quer dizer, um dom de Deus. Essa graça ajuda-nos a reencontrar uma pessoa , Jesus Cristo; permite-nos adquirir a certeza de que ele fala a Verdade, de que o seu testemunho - palavra e vida – é exato. Com a força dessa certeza, a fé consiste então em esposar o se olhar, a sua visão de nós mesmos, dos outros, das coisas, da humanidade, da história, do universo, do próprio Deus, e comprometer-se em função disso”.





“Todos, todos temos pavor do sofrimento e gostaríamos de passar drogados, sem saber de nada. Mas muitas vezes não se pode. Os especialistas não conseguem bloquear os caminhos por onde a dor chega à consciência. E, então, viver é sofrer. (...)Ainda ressoam nas nossas dores as pancadas dos cravos que te pregaram. Ainda palpita no nosso sangue o tremor de teu coração naquelas horas cruéis, e quando se reabriram as tuas chagas para que Tomé pudesse meter nelas os seus dedos e certificar-se da dor que Deus quis compartilhar”.



Finalmente, para concluir:



“ Não é concebível que Cristo, nosso irmão, nosso caminho, nossa verdade e nossa vida, tenha sofrido, e nós não. Ele não pode desejar para nós que passemos por este mundo sem experimentar a Cruz que Ele experimentou, sem ver, ao menos um pouco , que gosto tem, sem termos sido abençoados com esse sinal. Não pode ser que seja algo bom para Ele, e não a queira para nós”. (Juan Luis Lorda – “O Sinal da Cruz”- Ed. Quadrante)



ou



“Quando o seu Filho bendito se encarnou numa carne como a nossa, de certo modo encarnou-se em todas; quis abraçar todas as carnes com a sua alma, para unir todas as almas ao seu corpo, para estender pelo espaço do mundo e da história as redes misteriosas do amor”



E quem não acredita no amor? Mesmo sem vê-lo? O que seria da vida sem o amor? É no amor que devemos investir. É nesse baú que devemos tentar nossos golpes. Não há outro caminho para o divino, para o que sentimos, porém, ainda, não compreendemos em toda a sua totalidade.



Domingos Oliveira Medeiros

30 de junho de 2003



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