Usina de Letras
Usina de Letras
157 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62211 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140797)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->PROFª NEVINHA - UMA CRÓNICA PICOENSE -- 13/12/2010 - 22:17 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PROFª NEVINHA - UMA CRÓNICA PICOENSE

Francisco Miguel de Moura*

A Profª Maria das Neves, por conta do casamento, ganhou o sobrenome dos Santos, uma das mais tradicionais e importantes famílias de Picos. Era baixinha e morena, por isto que, no início, quis tratá-la carinhosamente por professorinha. Conheci-a vagamente, mas deu pra entender que se tratava de uma pessoa de muita personalidade. Vendo-a atravessar a cidade, com aquela segurança de quem sabe o que quer e o que faz, ninguém poderia pensar de outra forma.
Não sei por que tenho sido solicitado, nos últimos tempos, a escrever sobre pessoas com quem não tive ligação estreita, parente e ou não. O primeiro foi meu tio Euclides Borges de Moura. Agora é vez de D. Nevinha, esposa de Adalberto de Moura Santos (Bertinho de Chico Santo), um dos Prefeitos de Picos que amava muito a cidade, gostava vê-la limpa, chegando em determinada época a proibir que os "feirantes" atravessassem as ruas centrais passando pela Praça Félix Pacheco, famosa do tempo em que a sociedade jovem a enchia de alegria e prazer passeando por ela todas as noites - costume dos maiores burgos do Piauí, inclusive a capital. Contam, não sei se como anedota e para provar a energia e dureza de Bertinho Santos, quando Prefeito, que certo dia interceptou o próprio Coronel Francisco Santos, seu pai a fazer aquele caminho a cavalo: de sua fazenda a sua casa, casarão ali, em frente à referida praça.
Mas estamos a falar é de D. Nevinha, senhora de respeito e cerimónia. Não obstante ser um pouco morena para a cor da pele da maioria da população de Picos, especialmente a família Santos. E por quê? Pelas qualidades de inteligência e educação. Ela está entre as três primeiras professoras formadas pela Escola Normal de Teresina a irem servir em Picos, escola oficial. Significa: Professoras do ensino oficial. Iniciaram a educação primária nos moldes mais modernos do Piauí, naquele tempo. Dos anos 1930 em diante. Sua condição e a cor de sua pela não foi nenhum obstáculo para esposar o filho querido do Coronel Francisco Santos, o Chefão de Picos, nos anos da Ditadura de Getúlio.
Mãe de muitos filhos, mas principalmente de Airton Santos, quase da minha idade na época em que passei a morar em Picos. Lembro que fizemos a campanha para eleger o Presidente Juscelino Kubtscheck, varando os povoados e vilas da redondeza de Picos e chegando até fazer aqueles fáceis discursos eleitorais, cheios de chavões e de palavras de ordem. Mas foi um aprendizado. Daí por diante, nunca deixei de fazer parte do rol de amigos de Airton, embora que ambos vivêssemos ora distante ora não tanto. Tenho tido conhecimento, através dele, de que a Profa. Nevinha deixou alguns escritos, artigos e cronicas, que ele - como filho querido e mais velho - me falava em publicá-los num livro. E, neste sentido, sempre contou com o meu incentivo. Porque sou daqueles que acreditam na escrita mais do que na palavra falada. Houve escritor, cujo nome não me vem à baila neste momento, que disse: "Tudo o que aconteceu, mas não foi escrito, passa como se não tivesse acontecido".
Agora, vamos poder ler algo do que ficou de D. Nevinha. Muito deve ter escrito, pois era calada, uma pensadora, mas está aí o que se salvou pelas estradas da vida, muitas vezes tão vária que ninguém sabe mesmo porque assim acontece.
Este meu trabalho de cronista é de um observador, de longe, das pessoas que passaram por seu olho e por sua admiração. É para isto que vivemos: para celebrar e sermos celebrados. Naquilo que merecemos. Naquilo que nossos parentes, amigos, conhecidos merecem. E falo em parente, sim, porque Luiz Airton Santos, como toda a família Santos de Picos, tiveram origem em Francisco Santos - PI (antigo povoado Jenipapeiro), onde o pai do avó de Airton (Simplício Pereira dos Santos) foi morar, lá casando com uma irmã de minha bisavó materna - primeiro casamento: e no segundo - com uma irmã de minha bisavó paterna. Em Picos, me sentia à vontade, pois estava entre familiares. Como nesta crónica, em louvor da mãe de meu primo distante, mas primo Airton - primo e amigo. Filho muito amado como Airton tem que ter vindo de uma mãe muito generosa e cheia de outras virtudes. Eis o que foi realmente D. Nevinha. A ela, meu preito de reconhecimento.

_______________
*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras (Teresina), da União de Brasileira de Escritores (UBE-SP) e da IWA - International Writers and Artists Association, Estados Unidos.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui