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cronicas-->Onibus -- 18/04/2001 - 11:28 (Laura Fernandes Posso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Laura entrou no ónibus. A calça preta colada e a blusa branca quase transparente chamavam a atenção. Qualquer um que olhasse via que era uma vagabunda. Não queria pegar o ónibus naquela hora, não naquelas exatas 6:15, por causa do motorista.. Mas acordara atrasada. Devia ter esperado o de 6:33. Cumprimentou uma velha senhora que sempre via no ponto no horário em que normalmente pegava. Também estava atrasada. Era uma puta mesmo. A pequena praça estava cheia de homens, mas ela sabia bem que o ónibus não iria cheio naquela hora, e ele estava chegando: com o motorista, cujo nome nem sabia, mas o cumprimentava. Em sua mente imaginara um caso com ele, mas não sabia nem seu nome. Tentara perguntar a um outro trocador, em um outro horário, mas sonhara com ele, aliás, sonhava com ele quase todas as noites e acordada. Imaginava o que ele pensava dela: será que sentia a sua falta? Será que gostava de vê-la? Será que a achava bonita?. Ser bonita era para ela uma obsessão, porque não o era. E sabia disto. Tinha o rosto marcado, a bunda grande, seios volumosos, e apenas um metro e cinquenta e dois centímetros. Não era como sua irmã Sandra que era bonita e muito mais bonita que ela. Mas também não era safada como ela, não dava bola para ninguém. Não apenas pelo fato de que fosse casada, mas sempre fora assim. Nunca dera bola para ninguém, sempre fora séria. Simone não era assim, gostava que alguns homens mexessem com ela, não todos, mas aqueles de quem gostava. E o motorista era um deles. Infelizmente. Infelizmente porque era bem mais velho, ela não sabia se ele era casado, não sabia se tinha filhos, fumava, não era de sua religião, e era motorista. Sabia muito bem que os motoristas, trocadores, policiais e marinheiros não são amantes confiáveis. Mas ela era triste por outro motivo: mesmo que ele gostasse dela, ela não poderia retribuir e o faria sofrer, assim como fizera com Euller, com Rodrigo, com Maxwell e com outros. Era bem seu estilo, era puro entusiasmo. Queria conquistá-los, talvez porque fosse feia, e quando o conseguia, fugia. O pior era que ela sabia que sempre iria fugir. E mesmo assim tentava. E então, sempre fugia. Mas imaginava mil possibilidades. Estava levando uma vida dupla: uma para os outros, e outra para ela, para sua cabeça, e para Deus, que sempre sabia de tudo e, diferente dos outros, ela não poderia enganar. Queria saber ao menos o nome do motorista. Talvez perguntasse, talvez não, pois o impulso já havia passado. Sentia-se mal consigo mesma. Por quê, meu Deus, não era bonita?. Hora de descer, o motorista olha para trás, para cumprimentá-la. Desce sozinha. Não iria ler no ónibus, não era digna disto. E aquela calça, e aquelas roupas, faziam-na parece uma vadia. Não estava se sentindo bem. Se ao menos tudo desse certo!.
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