tenho bem aqui no peito
um sentimento engraçado
tem vezes, não sei direito
em outras, fica apertado
mas eu sinto um calafrio
se ao invés do desafio
ele teima em ser calado
solto os versos pelos cantos
ecoando feito a vida
alegria em meio ao espanto
brincadeira de bandida
só não vale realidade
inimigo de verdade
cutucando a ferida
faço versos de rompante
como quem de nada entende
numas horas, elegantes
noutras muitas, indecentes
há quem goste e quem deteste
quem não ligue e quem se avexe
mas ninguém indiferente
bem cheguei nesse cordel
pra fazer muitos amigos
O Zéferro, amigo veio
Manezinho, já cativo
quero todo mundo em paz
que senão não brinco mais
vou-me embora de castigo
tenho um grande coração
cabem todos os que gosto
inclusive com razão
cabe inté os que desgosto
só não quero ver partir
por bobagem destruir
os amigos que eu me enrosco
já que dei o meu recado
vou saindo de uma vez
pra modi num encher o saco
desgradando o freguês
espero que a vida siga
e que mais uma vez eu diga
nos versos, que amo ocês.