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cronicas-->A peleja do zen-caeirismo com Odorico Paraguaçu -- 30/11/2010 - 20:45 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gostaria de conseguir grudar o olho no agora e deixar que o passado ficasse onde de fato deveria mesmo ficar: lá atrás, num ponto em que nem um retrovisor com càmera de ré seria capaz de recuperar. Sei não se esse esquecimento é socialmente benéfico, mas que é terapêutico, isso é! Perder a memória, ao menos dar-lhe valor nulo, sobre vários aspectos, é uma benção. Pode-se apenas olhar a vida no aqui-agora e bancar o Alberto Caeiro, livre de julgamentos, abstrações e medições. Esse é o meu ideal de zen-caeirismo.
Em Ribeirão Preto, quem se encontra num momento zen-caeirista como esse pode reservar a manhã de domingo para andar de bicicleta na Linha Vermelha da Maurílio Biagi. A tal da ciclofaixa virou assunto em mesas de boteco e, se virou tema de cerveja, é polêmico o suficiente para criar dois times: os que são ciclofaixófilos e os que são ciclofaixofóbicos. Os "filos" defendem a faixa porque enaltecem até os espirros e prováveis arrotos do governo municipal. É um apoio aspirina-profilático. Os "fóbicos" desqualificam a faixa, pois se sentem agredidos quando, por culpa das bikes e da fila de cones que estreitam a pista, tentam chegar à Ribeirània ou à City Ribeirão para almoçar na casa da sogra e demoram uns dez minutos para percorrer dois quilómetros. O macarrão de domingo fica de fato comprometido e muitos têm a vontade de perguntar: que raio de faixa é essa? A propaganda diz que é para aproveitar a "vista panoràmica" que há na região, ainda que essa seja a parte mais baixa da cidade. E o aroma e beleza do córrego cristalino que ladeia a faixa forçam um retorno ao passado que...
Se no àmbito municipal o zen-caeirismo é impraticável, pode-se optar pela esfera nacional, na qual a democracia se exibe com grandiosidade num processo eleitoral que já se arrasta ao fim do segundo turno. Curiosamente, o Brasil não tem dois candidatos à presidência. Tem dois anticandidatos. Não há a Dilma, mas há a candidata anti-Serra; por outro lado, o Serra não veio, mas mandou o candidato anti-Dilma. Ela o ataca e o desqualifica. Ele a ofende e diminui. Se tudo seguir assim, nesta desconstrução que talvez perturbe os discípulos do filósofo (?) Derrida, no dia 31 de outubro não sobrará candidato algum, tamanho é o apedrejamento mútuo. Com pedras em forma de palavras, de dossiês e até de bolinha de papel e de rolo de fita adesiva. A única vantagem da campanha negativa é que o eleitor acaba descobrindo em quem não deve votar, embora siga sem saber em quem votará, impasse que nos remete a uma história da década de...
Meu zen-caeirismo patinou nas questões nacionais. Ainda nos resta cruzar a fronteira para tentar praticar o desapego ao passado. No Chile, pode-se ver aquela nação orgulhosa de si mesma por ter conseguido tirar trinta e três mineiros do buraco. Se eu fosse o Federico Felino faria uma piada remetendo a outros mineiros, torcedores do Atlético. Mas eu não sou bom em subir em telhados. Ainda assim, fico tentado a perguntar o que faziam aquelas càmeras todas em volta do "OB" metálico que surgia das profundezas com os heróis chilenos embutidos. Heróis? Achei que eles eram vítimas e que muitos dos que estavam ali, incluindo o presidente, tinham alguma responsabilidade pela quase tragédia daquele desabamento. Não sei se era motivo para sorrisos e comemoração. Graças a essa dúvida, volto àquele episódio do...
Depois desse giro, não há esquecimento que resista. Minha filosofia zen-caeirista desce pelo ralo, misturada à pasta de dente com sabor de remédio da minha infància. Olho pelo espelho do banheiro e posso até jurar que atrás de mim, como num delírio vindo do passado, Odorico Paraguaçu dá gargalhadas. Desistente de ver novidade na ciclofaixa, na eleição para presidente e no buraco do Chile, concluo que todos esses fatos, ao fim e ao cabo, são os atuais cemitérios de O Bem Amado. Tudo tem que virar capital em forma de exposição na mídia. Seja uma linha vermelha pintada no asfalto, um abortohipotéticoaéticoaéciooubeócio, um resgate de mineiros no país da mulher do Serra ou a inauguração de um cemitério sem mortos. Faixa, abortices, OB metálico e cemitério... como diria Odorico: "tudo isso vai entrar para os anais e menstruais de Sucupira". Nada de novo. Tudo "de novo". Socorro, Alberto Caeiro!
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