É um homem qualquer
simples, sem refletores,
vivido, sensual, completo,
sem história,
cem amores.
Passa ao meu lado na rua,
me despe nos restaurantes,
dança com outra na festa,
me provoca mil rompantes.
Emparelha o carro com o meu,
repara em meus cabelos,
afasta o retrovisor,
tenta falar pelos dedos.
Encontra um jeito incomum
de me fazer reparar
nos olhos que nunca olhei,
nos lábios que quis beijar.
Agarra meu punho à força,
arranca a roupa sem perdão,
me joga na cama louca,
tudo mágica ilusão.
E quando está frente a frente
com o sonho de carne e osso,
retrai seu peito seguro,
esquece o doce pescoço.
Vai novamente fugir
como eu, não ter destino,
buscando pra sempre o amor,
que nem ao menos sei o sabor,
eu, menina, do meu menino.
Lílian Maial |