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Humor-->Doutor Lessa e a cervejinha -- 25/03/2007 - 14:54 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Doutor Lessa e a cervejinha

Pindamonhangaba, SP, hoje é uma bela e progressista cidade do Vale do Paraíba. Porém, quando fui propagandista ali entre os anos 60 e 70 havia apenas uns doze médicos na praça, todos beirando a aposentadoria. Era a maior concentração de médicos velhos por metro quadrado do planeta. Alguns já tinham ultrapassado a barreira dos setenta anos, como era o caso dos doutores Edmundo Barrios de Alcântara, Paulo Emílio Dalessandro e George Heidushka —este, um refugiado de guerra. Era gostoso trabalhar em Pinda, pois todos eles nos atendiam com muita cortesia, carinho e simpatia. Gostavam de bater um bom papo, especialmente o legendário doutor Francisco Lessa Júnior que atendia a todos nós propagandistas no antigo I.N.P.S. Ali ele nos contava histórias longas e intermináveis, tinha estilo próprio e inconfundível. Era de estatura baixa, meio roliço, usava sempre terno escuro e uma indefectível gravata borboleta que o tornava muito parecido com o ex-presidente Getúlio Vargas. Quando foi vereador na cidade, apresentou um projeto polêmico instituindo o “Dia do Garfo”. O tal projeto virou lei pela qual a Prefeitura Municipal de Pinda se obrigava a distribuir garfos aos habitantes da zona rural. O doutor alegava que a medida evitaria que os pobres comessem com as mãos, impedindo assim a propagação das verminoses. A “Lei do Garfo” ainda vigora até hoje e o Doutor Francisco Lessa virou nome de avenida. Mas isto é outra história. Certo dia, o doutor Lessa resolveu passar uns dias em Ubatuba, na sua bela casa de praia. Chovia, mas desceu assim mesmo. Botou seus pertences no seu carro de estimação, um Chevrolet vermelho antigo e conservadíssimo, e pegou o caminho da serra. Havia muita lama na estrada, o asfalto só seria implantado anos mais tarde. Em todo o trajeto havia muito barro e ele só chegou na baixada depois de muito esforço. Quando sentiu o cheiro do mar de Ubatuba, deparou-se com um comando da Polícia Rodoviária.
O patrulheiro determinou que parasse. Parou tranqüilamente e cumprimentou o militar sorrindo —afinal sempre andava com a documentação em ordem e nada tinha a temer. O policial se aproximou e foi positivo: “Documentos, por favor!”
O doutor Lessa entregou os documentos e aguardou. O patrulheiro, sério e com cara de poucos amigos, deu duas voltas em torno do carro enquanto ia fazendo uma inspeção rigorosa nos documentos e no veículo. Voltou e se dirigiu ao elegante condutor, com ares de quem tinha achado uma grave infração: “Está tudo bem, doutor Lessa, exceto a sua placa dianteira que está suja e não me permite ler nada. Não queria, mas terei que lhe fazer uma advertência!...” Uma advertência no linguajar do policial é uma bela multa. Sério e solene, o doutor Lessa desceu do carro, examinou a placa e viu que ela estava realmente suja de lama. Contrariando sua índole de homem correto, virou-se para o policial e indagou: “Será que uma cervejinha não limpa isso?” O policial pensou logo em dinheiro. Olhou para os lados e respondeu: “Limpa sim, doutor, claro que limpa!...”
O querido doutor Lessa, calmíssimo, foi ao porta-malas do carro, pegou uma garrafa de cerveja gelada, parte da sua reserva pessoal, abriu-a e procedeu à limpeza da placa utilizando-se do precioso líquido. Olhou para o guarda e sorriu ironicamente. Entrou no carro e foi tomar o seu banho de mar.
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