Trocando de Vício
(por Domingos Oliveira Medeiros)
O projeto do Executivo que proíbe a propaganda de cigarro em rádios, televisões, jornais e revistas continua gerando polêmica.
Enquanto representantes - de agências publicitárias - argumentam que é inconcebível cercear a liberdade de anúncio de um produto, que é legalmente produzido e vendido no país, ferindo a liberdade de expressão comercial, do lado do governo tal liberdade não poderia sobrepor-se ao direito à verdade do cidadão, que vem sendo bombardeado por farta propaganda enganosa, quando associa o vício de fumar à vida saudável dos esportistas.
Ao meu ver, o que deveria ser objeto de preocupação é a previsão, do Ministério da Saúde, de que 15 milhões de brasileiros, em futuro próximo, morrerão ou ficarão doentes por causa do fumo.
Proibir a produção e venda de cigarros seria a solução ética e lógica do problema. E não ficar de olho nos impostos que, afinal de contas, jamais cobrirão os gastos com prevenção, tratamento e enterro dos fumantes.
Afinal de contas, o Ministério da Saúde não pode restringir-se a dar conselhos e a fazer alertas do tipo “o cigarro faz mal à saúde. Se o ministério foi criado para cuidar da saúde, é de se esperar que,diante de um mal tão patente, ele tenha coragem para recomendar a proibição da fabricação e venda do produto. E quando alguém refutar, dizendo que milhares de trabalhadores perderão seus empregos, é só argumentar enfatizando que é melhor perder empregos do que milhares de trabalhadores morrerem dos inúmeros males causados pelo fumo. Ou então, sugerir que se procure outra saída: remodelar todo o equipamento industrial, e passar a produzir cigarros para crianças. Calma! Cigarros de chocolate.
Domingos Oliveira Medeiros
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