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Artigos-->Resenha sobre o livro "Aula", de Roland Barthes -- 26/06/2003 - 16:51 (Paulo Machado da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AULA



AULA

AUTOR ROLAND BARTHES

CULTRIX p 89

RESENHISTAS FLÁVIA GARCIA CARDOSO

PAULO MACHADO DA COSTA





Texto de dissertação sobre a obra Aula, de Roland Barthes





O texto de Roland Barthes fala do poder da língua, do poder de influenciar os menos favorecidos intelectualmente: “Alguns esperam de nós intelectuais, que nos agitemos a todo momento contra o poder; mas nossa verdadeira guerra está alhures: ela é contra os poderes, e não é um combate fácil: pois, plural no espaço social, o poder é, simetricamente, perpétuo no tempo histórico: expulso, extenuado aqui, ele reaparece ali; nunca perece; façam uma revolução para destruí-lo, ele vai imediatamente reviver, re-germinar no novo estado de coisas”. O poder é como a guerra, ela nunca tem fim: guerra do Vietnã, das Malvinas, do Golfo Pérsico, do Golfo Pérsico II. A guerra só tem fim para os que morrem (Platão).



Sobre o poder da linguagem no uso cotidiano, Barthes afirma que:

“A linguagem é uma legislação, a língua é seu código. Não vemos o poder que reside na língua, porque esquecemos que toda língua é uma classificação, e que toda classificação é opressiva: ordo quer dizer, ao mesmo tempo, repartição e cominação. (...) Assim, por sua própria estrutura, a língua implica uma relação fatal de alienação. Falar, e com maior razão discorrer, não é comunicar, como se repete com demasiada freqüência, é sujeitar: toda língua é uma reição generalizada.”

“Mas a língua, como desempenho de toda linguagem, não é nem reacionária, nem progressista; ela é simplesmente: fascista; pois o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer.

Assim que ela é proferida, mesmo que na intimidade mais profunda do sujeito, a língua entra a serviço de um poder.”



Como exemplo do fascismo da língua, pode-se citar os trabalhadores de uma empresa sendo orientados pelo sindicato sobre a exploração patronal. O chefe, impedido de participar das assembléias, impede também os seus funcionários, tentando desmotivar os companheiros a participarem. Ele os oprime, porém, na realidade quer que os funcionários lutem por seus direitos. O que pode acontecer é que tudo que os funcionários conquistarem em assembléias, greves, ou acordos coletivos de trabalho, ele também conquistará sem qualquer esforço para isto.



Os discursos de Adolf Hitler, conclamando a Alemanha Nazista para a guerra, exemplificam também o poder da linguagem. Como pode um único homem dominar a linguagem de tal forma, que faz uma aliança com a Itália, Japão e a Rússia, para juntos dominarem o mundo?



Roland Barthes diz que nós somos “ao mesmo tempo mestre e escravo” da língua, “portanto, servidão e poder se confundem inelutavelmente”. Nós somos mestres porque temos o poder de ser usuários da língua e somos escravos porque nos submetemos a suas exigências, normas, classes gramaticais. Ele ainda afirma que, para conquistar a liberdade, só mesmo trapaceando com a língua e ao esplendor de uma revolução permanente da linguagem ele chama de literatura. Trapacear com a língua significa que não ficamos presos a regras gramaticais, como é o caso dos poetas.



O autor defende a literatura porque todas as ciências estão presentes em um momento literário. Ele cita, por exemplo, Robson Crusoé, que passa de natureza à ciência. É muito linda a passagem quando ele diz que: “nela lhes dá um lugar indireto, e esse indireto é precioso”.



E é realmente. Quando descobrimos a literatura, é como se estivéssemos a colocar a mão num tesouro perdido. Sabemos que ela existe, faz parte da nossa história, mas temos que a estudar para compreendermos melhor e até quem sabe sentirmo-nos parte dela. É uma relação amorosa como de mãe e filho. É importante ressaltar que a literatura não diz que sabe alguma coisa, mas que sabe de alguma coisa.



A linguagem diz que, tanto nas ciências quanto nas letras, a oposição é pertinente, o que põe frente à frente não é o real e a fantasia, objetividade e subjetividade, somente lugares diferentes de fala. A literatura é categoricamente realista, na medida em que ela sempre tem o real por objeto de desejo, e também irrealista, acredita sensato o desejo do impossível.



Na segunda metade do século XIX, num dos períodos mais desolados da infelicidade capitalista, a literatura encontra o francês Mallarmé (poeta), que tinha o sonho de desafiar os modelos da escritura convencional: novos procedimentos de escritura = novos procedimentos de leitura. “Mudar a língua” expressão mallarmeana.



Na opinião de Roland Barthes, é importante que os homens tenham várias línguas, no interior do seu próprio idioma. Que uma língua, qualquer que seja, não reprima a outra: que o sujeito futuro conheça, sem remorso, sem recalque.



A palavra realmente tem um grande poder para a comunicação e a compreensão. Ela é rica e podemos aproveitá-la melhor. A transmissão e a modificação dela são possíveis graças a uma outra criação do homem: a língua. O encadeamento dos processos gramaticais causa alienação e degradação da linguagem, ou seja, cai em sofrimento. É por isso que Barthes diante da língua não se amedrontou na sua luta, ensinando-nos e encorajando-nos com o seu discurso de poder.







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