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Cronicas-->1968 - Tempo de Ginásio -- 30/09/2010 - 15:47 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Recebi vários toques, pelos jornais e pela internet - não era prá esquecer-se do Segundo Encontro dos Formandos do Nestor, dezoito de setembro. Deu até calor, nesse eu vou. No primeiro a comissão - os formandos de setenta e sete ficaram mais entre eles mesmos. Estava cuidando da vida, meio esquecido, quando liguei prá Dona Cida e - Escute aqui, trate de vir. É amanhã, lá no clube. Eu vou. Deu um frio. Tabão. E venha bonito... Arrumei as coisas, parei no Cinquenta e Três da Castelo, que sábado friorento, mudou o tempo, passei Sorocaba e olhei pros lados de São Miguel, ia gelar, essa era a impressão. Cheguei. Primeira coisa: a Mariana já passou aqui e o seu convite tá lá no clube, vamo vamo, que coisa, parecia que eu estava me formando de novo. Garanti o convite, minha mãe sorriu e fui dar uma volta pela praça, loteria e café na Casa da Praça. A pé e ainda emendei lá pela rodoviária, que gelo.
Jantei um franguinho frito, me ajeitei e desci, nove e meia era o início, fiquei um pouco no carro e o frio ali comigo. Já na porta encontrei o San e o Jurinha, aí chegou o Zé Carlos e a Elza - Tudo bem. Tudo! Umas histórias, entramos. Claro que o frio ficou lá fora, o calor tomou conta do salão, todo arrumado e as pessoas chegando. Levei uns abraços e uns beijinhos. Sempre bom ver as pessoas e quanta gente boa. Oi Vilma - a turma de sessenta e oito tá ali, ó, viu. A Didi e o Bruno, Margarete e a Vera, depois chegou o Doutor Joãozinho, juntamos as mesas e ficamos olhando e lembrando todas as coisas já passadas. Vi o Zé Fama Dias e o Egídio, todo mundo sabe que é o Girafa. E mais um monte. Não vai dar para citar todos, mas, estão na memória. Como estão aqueles que não puderam vir. Enfim, pode se dizer que foi uma viagem.
Saí uma e pouco, brrr, que frio. Na hora, me veio o tempo de ginásio e o engraçado é que relacionei frio e calor, talvez pela diferença do próprio dia. Um calorão lá dentro com todos aqueles cinquenta e tantos anos de história e quarenta e nove anos de formandos e ali fora tudo quieto. Lembrei do Osmar, bem na calçada do Zé Ibrahim - Ocê num tá cum frio só co´essa jaquetinha. Não. E você menino com esse shortinho aí, perna de fora. Eu ainda era do grupo, ia de calça curta. O Osmar, se estivesse entre nós, certamente teria vindo. Depois, acabei colega dele na minha formatura. Ele organizou o baile, com os Los Guarachos.
Frio mesmo aconteceu na aula de francês, no primeiro ou no segundo ano do ginásio. Jones, em francês, diga "O gato mia" - do japonesinho franzino e quietinho saiu, mais ou menos assim: lenchoute miole, só sorriso geral. Ai ai, Dona Claide levantou, que olhar, pegou um por um, ai ai de novo. Au revoir. Nessa época, as classes eram do lado esquerdo do grupo, lá fora. O Seu Arthur dava aula em português mesmo e o difícil era a análise sintática, sujeitos e predicados. Quanto calor prá fazer uma espécie de quadra lá no campo. O Seu Vianna pegou nós todos pra socar o terreno, que já era uma rocha. Todo mundo queria jogar vólei e eu fiquei de fora, não passei na peneira, nem esquentou, pois já passamos pro campo. Aqueles campeonatos internos eram tudo de bom, jogar bola até que dava prá encarar, com frio, chuva, sol e calor. Lembro do Okaeda dando o nome do time - The Wolves, fica bonito, era o time do Lázaro, foi o campeão. Eu não, me venderam para o time do Toninho Jibóia - Los Bravos, não ganhei medalha.
Todo ano tinha esse tipo de campeonato, que delícia. Uma vez o William Turco pegou a bola na defesa e levou todo mundo pela esquerda, um show. Pertinho do gol, caiu. De todos esses jogos, lembro mais de um, quando fiz uns dois gols e vários passes, saí consagrado, como vocês sabem não fiz carreira, fui estudar, ah ah. Mais tarde, já em setenta, o Professor Nelsinho preferiu fazer o campeonato lá no campão da Vila. Ventava e chuviscava, a bola ia prá lá e o aluno prá cá. Foi legal, ele tirou foto de todos os times, vejam na internet, nós de calção e camisa, todos gelados e ele de capona térmica, apitava todos os jogos desse jeito mesmo. Nesses tempos era Seu Arthur, Dona Doracy, Dona Carmen, maior respeito. Bom diaaa, abram o caderno, Seu Valdemar, nem mostrava os dentes, só andava de um lado prá outro e tome ditado, aprendi letra de médico desse jeito. Tava quente, mas nós suávamos frio. Aula inteirinha copiando e copiando. Vez em quando tinha aula de experiências, aquelas coisas do livro de ciências. Não tem... pegue na biblioteca, dizia ele.
Quando estreamos o ginásio novo, lá no alto. Era longe, eu morava lá perto do campo do Esporte, o jeito era tomar tenência e fazer o caminho, ora pela Fernando Prestes, ora Dante Carraro. Dia de frio era triste, descia almoçar e subia três horas prá ginástica. Aí começou a rolar o campeonato futebol de salão, no chão batido mesmo. A quadra foi construída mais tarde. Teve um campeonato, turma do colegial contra os da quarta, quase ganhamos, mas, eu fiz um gol antológico, óia. O Toninho Marmo levantou por cima da barreira e eu peguei de esquerda e gol, não acredito até hoje. Certamente seria bola cheia. O San lembra. A construção novinha, bebedouros automáticos, pátio embaixo e classes no segundo andar. Aquela duas classes especiais - uma de música com a dona Miriam e a outra de desenho com a dona Doracy. Cantar eu não sabia, nem dançar, ainda tinha aula de metrónomo, acho que era isso, marcava o ritmo. Credo, só lembro da clave de sol. Desenho era difícil, ainda mais para um semi daltónico. As carteiras eram próprias e na hora do guache virava uma nhaca. Todas as minhas aquarelas tinham duas cores, azul e amarelo.
A Dona Elza, de Geografia, uma vez deu um trabalho sobre o mar, maré e marulho. Alguém sabe o que é marulho. Eu sei. Guardei o trabalho por um bom tempo. Fomos uma vez em Tatuí, ver e ouvir o Festival de Música, de ónibus normal, não sei por que, mas com a Valderez, professora de Inglês, ela não gostava do Dona. Gelado mesmo estava no sertão, umas duas léguas depois do Abaitinga, quando fomos acampar prá ver como era a noite no mato. Ainda bem que levei a minha capona. Dormimos e comemos, ninguém viu a noite. Dia seguinte as meninas foram, o sol chegou e fomos andar pelo rio, só os do colegial e quarta série. Voltamos à tarde, em cima do caminhão Chevrolet do Zé França.
Na minha colação de grau, em sessenta e oito, ouvi o hino de braços cruzados, o único. A Dona Doracy cortou um doze comigo depois. Fora ainda que a Dona Elza, a Diretora, na hora de me dar o diploma, ficou de cara feia, bão, aí já era normal, como era brava e exigente. Esfriava qualquer brincadeira. Calorento foi aquela cerimónia, em setembro de setenta, no mesmo Clube Bernardes. Depois da solenidade, lembro que subiram ao palco o Calilo e a Yolanda e afinadinhos cantaram: "... ela já não gosta mais de mimmm, que peennaa, que pena... mas, eu gosto dela mesmo assimm..." foi show e sucesso.
Tem tanta coisa e gente prá lembrar e comentar, tempo maravilhoso do ginásio, frio e quente, sempre na memória. Ainda bem que eu fui ao Segundo Encontro dos Formandos, beijos gente!!
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