Em 31 de dezembro de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva deixará a presidência da República tendo obtido vários recordes.
Governou durante oito anos praticamente sem oposição. Teve menos oposição que o presidente Eurico Dutra.
Enfrentou uma única crise económica externa, que encontrou o Brasil em sólida situação financeira. Encontrou um oceano de petróleo na camada de pré-sal.
Saiu ileso dos maiores escàndalos de corrupção da história da República, escàndalos urdidos em gabinetes próximos ao seu, envolvendo companheiros de partido e de jornada.
Ao que tudo indica, vai eleger seu (sua) sucessor(a), e em primeiro turno, feito só conseguido por Itamar Franco.
Vai terminar o segundo mandato presidencial com cerca de 80% de aprovação. Feito único na história da República.
Mas Lula não está satisfeito. Quer mais, muito mais.
Quer fazer a maioria dos governadores, a maioria na Càmara dos Deputados e a maioria no Senado.
Quer mais ainda. Quer extirpar da vida política um partido legalmente constituído. Quer exterminar a oposição.
Quer domesticar a imprensa.
Todo governante convive mal com críticas, prefere elogios. Mas em Lula a aversão a críticas chega a ser patológica.
E piorou conforme crescia sua taxa de popularidade e a falta de escrúpulos com que o presidente passou a afrontar a tudo e a todos: Justiça Eleitoral, Ministério Público, Tribunal de Contas da União, imprensa livre, opinião pública.
O presidente acha que pode tudo.
Mesmo assim, Lula não anda feliz. Nos palanques, vocifera contra os adversários, destila ressentimento, raiva, fúria.
Por que o presidente está tão raivoso, se tudo vai tão bem para ele e para o seu grupo político? É difícil de entender.
Lula ofende as pessoas, distorce a realidade, xinga os adversários... E posa de vítima do "preconceito das elites contra o torneiro mecànico que se tornou presidente do Brasil".
Vamos combinar de uma vez por todas: se o Brasil fosse realmente um país preconceituoso, Lula jamais teria chegado a presidente da República. E por duas vezes.
Sua eleição -- e reeleição -- é a prova viva de que não há no país esse tipo de preconceito. Só existe na cabeça dele, como arma política para se vitimizar.
E as elites nunca foram tão felizes. Empresários ganhando dinheiro como nunca. Banqueiros que não conseguem parar de rir. Empreiteiros felizes como meninos que ganharam trem elétrico.
Mas felizmente, o argumento da vitimização tem prazo de validade: termina no dia 1º de janeiro de 2011.
Lula volta para São Bernardo, e o Brasil terá novo(a) presidente.