Sou do campo, lá da roça
Morava numa pequena palhoça
Onde plantava, colhia
Com certa dificuldade
Quando havia inverno e chovia.
Tirava os filhos da escola
Plantando, arranjava o sustento da família,
De sol a sol trabalhando.
Mas, com o advento da máquina, do herbicida
Da ausência de um zoneamento agrícola
Com a chegada da especulação agrária
Com a usura do patrão
Com a falta de assentamentos
Ou com assentamentos mal planejados
Que maldade !
Fui banido pras cidades.
Se metrópole ou cidadela
Vim morar (indecentemente) numa favela.
Meus filhos, quando pequenos
Não tiro mais da escola.
Já estão matriculados
Nos semáfaros reluzentes, cheiram cola.
Minha mulher, agachada, pede esmola.
E o que mais dói, é o ciclone da prostituição
Tudo isso aliado ao descaso
Dos que dizem:
O probema não é meu não !
E eu, no meu pouco entendimento
De quem nunca foi à escola, penso :
Quem pôs o governo lá ?
|