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Cartas-->EU SEMPRE FIZ PERGUNTAS. AS TOLICES ME PERSEGUEM -- 04/09/2005 - 22:56 (Edmir Carvalho Bezerra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não gosto de poemas idiotas que falam de amores açucarados – eu nasci pra você, você nasceu pra mim, e outras bobagens. Odeio poemas engajados que falam de crianças abandonadas, de um país corrupto e não sei mais o que. Detesto mesmo os poemas de saudade do tipo fico olhando as estrelas vejo você em uma delas, etc.. besteira e tal.
Não suporto os versos rimados feitos para namorados, aquele papo de minha outra metade, minha cara metade. Sou totalmente avesso às poesias baratas. Eu abomino os falsos poetas.

Mas como sou ridículo, só porque não sei ser poeta. Também, quem mandou eu viver pensando em fazer poesia, em contar histórias, se todas já foram feitas e contadas.

Havia na minha rua uma rua pequena que passava dentro de mim. Tudo que eu construía virava pergunta, tudo que eu via virava pergunta.
Semeei desde a minha infância o hábito de ser perguntador.
Também, não me perguntavam nada, nunca, não me ofereciam nada, nunca, não me convidavam para nada nunca.
Eu já era antipático dentro das minhas fraldas patrocinadas: “Açúcar Brasil”.
Tive na minha pré-adolescência vários apelidos: bifada (não sei por quê), bunda de moça, bochecha brilhosa, incendiário (eu tinha ataques), tapa de palhaço (porque apanhei de um palhaço de um circo, depois eu quis matá-lo com uma faca de mesa. Não matei porque o circo foi embora, odeio palhaços).
Eu perguntava tudo mesmo, mas perguntava pra mim mesmo,
quando via aquelas mulheres feias da minha rua:
Por que a dona Gita grita quando mija?
Por que a dona Cenira mija na rua? E por que de noite ela vira porca?
Será que é pra ficar mais bonita?
Por que o seu Pelhanca tem o apelido de Pelhanca?
Por que a Silvana ta ficando com os peitos grandes?
Porque a Roseli mijou sangue na sala de aula e saiu chorando
e passou um tempão sem ir à aula?
Por que a diretora da escola tem o apelido de Judith peito de vaca?
Por que a gente tem medo dela?
Diziam que ela podia furar a gente com o bico do peito, morríamos de medo desse castigo. Lá vem a Judéia peito de vaca, saíamos correndo. . .
Na minha rua tinha uma cachorra que não era de ninguém.
O nome dela era Wanderléia. Na minha cidade havia três carros.
Um dia, um deles passou por cima da perna da Wanderléia,
aí o seu Pelhanca operou a Wanderléia e amputou a pata traseira dela.
Nós adorávamos botar a Wanderléia pra correr era muito engraçado.
De noite ela cantava tanto que não deixava ninguém dormir, depois eu descobri que havia uma cantora que se chamava Wanderléia e que era loira igual a nossa Wanderléia.

Mas eu estava mesmo falando de poetas e poemas que não gosto é que eu experimentei fazer um assim, bem fulano, bem vulgar, bem fácil de se entender, porque poema que se preza ninguém entende, apenas diz: lindo. Depois eu dou exemplo de um lindo, duvido que alguém consiga entender. Mas o meu é assim, fácil:

Há uma menina feia, feia de doer
Tem cabelo de boneca velha,
Orelha de orelhão
Os olhos lusco-fuscos
E nariz de jaburu

Essa menina feia vive a me perseguir
Querendo um beijo meu – cruz credo três vezes –
Eu fujo, corro, me escondo desse zumbi

Há na minha rua uma menina linda,
Linda feito anjo, diamante, ouro, estrela, nuvem, rosa, miosótis, um colibri.
Passa por mim, não olha, não fala, não vê. – cruz credo três vezes - deve dizer
Ah, eu quero um beijo da sua boca,
Se não quero morrer.

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