A conversa tomava rumos novos sem dar cabo dos velhos, futebol, política, dinheiro, carros, por aí em diante. Um amigo muito sabedor de todas as coisas contava histórias mirabolantes a cada gole de cerveja, a cada lasca de churrasco. Chega o momento que não se suportam tanta sabedoria.
Mesmo não ingerindo bebida alcoólica por um momento senti que o único que perdera a lucidez ali fui eu. Comentou-me ao pé do ouvido um, você pode dizer aos seus amigos amanhã que você passou o domingo num churrasco com um homem rico. Saí daquele churrasco e fui para casa pensando naquela frase, naquele amigo rico. Pensei em alguns homens e mulheres: quanto dinheiro possuía Jesus Cristo? E Karl Marx? Quanto deixou em sua conta bancária? Berthold Brech era milionário? Será que Mandela enquanto esteve na prisão guardava dinheiro? Rosa de Luxemburgo comprava muitos vestidos, cordões de ouro, pulseiras, brincos? Porque Benedito Nunes não compra todas as bibliotecas do mundo? Quem herdou o dinheiro de Olga Benário, Che Guevara?
Se Ali Babá possuísse 4 milhões, ainda assim não seria rico, teria que dividir com seus quarenta ladrões. Ninguém sabe, nem saberá o nome do meu amigo rico, mas em nossas cabeças ficam esses nomes que não possuem ou possuíam o contável dinheiro.
Há quem consegue está em Paris pela manhã, passar a noite em Brasília e no dia seguinte ter que entregar seu bastão num discurso envergonhado. Há outros que abrem a janela apenas para ver o sol, e o mundo todo o reverencia. Gente que vendeu a própria roupa do corpo para escrever palavras que mudaram o mundo.