Usina de Letras
Usina de Letras
164 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cartas-->ESTE TEXTO ESTÁ NA QUARTA CAPA DE DIZERUDITO -- 04/09/2005 - 22:35 (Edmir Carvalho Bezerra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ESTÁ NA QUATRA CAPA DE MEU LIVRO "DIZERUDITO"

Por que você não entra e conspira comigo? Toma este livro nas mãos, brinquemos de fluir palavras, fazer dobradiças de versos, chaves de papel, dizer coisas simples, recontar histórias, refazer paisagens. O erudito é alegoria, dizer não cabe em um poema. Dizerudito é a invenção de desdizer. Tudo já foi dito. Quem nunca se olhou no espelho? Quem nunca viu a própria sombra? O que diz esse poema? – nada. O que faz essa palavra? – duvida.

Esse verso abandonado é a imagem escorregadia, o poema nunca me vem na polpa dos dedos, nunca se apronta, se arruma; é casa sem reboco. Muita coisa me nasce e morre segundos depois. É preciso não está acordado, é imprescindível ser lúcido. Corro silêncios imensos atrás de uma palavra e suas entranças, estou sempre desviando dos caminhos. Ao poeta basta pequenas nuvens, minúsculos vazios, folhas mortas, uma história de amor, uma janela, um regato, o aroma de café creme, uma flor, um telefonema, um chá de hortelã, um risco de morte no y da atiradeira, um mergulho, um nada, uma ausência, os ajuntamentos, os ajustes, a permanente parição.

Do poema à poesia há uma solidão que não se explica, são imagens vistas por quem conduz faro nos olhos. Recolhendo coisas e nomes à deriva. No tempo da colheita, o que for (bom?) vai a folha, o que nasceu limítrofe fica na incubadora, absorvendo um pouco de oxigênio gris. Não procure a intelecção no que não tem razão, naquilo que nasce para ser visto, apenas isto.

A distração, o descuido, o apuro, os olhos e um instante simples chega a ser mágico, de tão comum se impregna de figurações, os recortes brotam-se em versos. Isso é efusão lírica, é a conturbação poética. No mais, quando se passa da simplicidade é porque o oxigênio gris empoeira a visão. Sair da incubadora é o início da razão e o ter razão é desastroso, é atroz, por isso os poemas estão sempre em construção.


Torturei de tal modo o poema para sabê-lo
desumanizei-lhe os acessórios
modifiquei o que lhe era flexível
esmaguei cada verso no vai e vem do moedor de cana
não brotou uma lágrima de confidência
violentei a soma de seus átomos
medi altitude e lateralidades

matéria que se disfarça em outra
sem nunca ter força para sê-la
(ainda que magnífica)
olvidei de vê-la
nem de leve assomei a profundeza
poemas não são para orelhas

Edmir Carvalho Bezerra
edsue@amazon.com.br

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui