A queda (http://pesp.hpg.ig.com.br)
Penfield Espinosa
A idéia de queda persegue os impérios e civilizações. Persegue também os anjos, como Lúcifer, estrela da manhã, o mais belo de todos eles. Perseguiu as cidades em guerra: a queda de Dunquerque. "Cair" era o verbo usado pelos guerrilheiros brasileiros para descrever quando um companheiro era capturado.
De todas essas formas de queda, a moral é a que mais impressiona. Algumas religiões, como o espiritismo, acreditam em um progresso sem limites e dizem que os espíritos não caem. Isto é: não voltam atrás em seu progresso espiritual. Contudo, é muito fácil imaginar uma queda de ânimo e de moral. Essa queda leva a uma mudança de atitude. Com a consciência e os conhecimentos se mantendo os mesmos, é fácil imaginar uma situação que, como um poema cubano esquecido seja:
Y el ojo está condenado
a ver, a ver
Isto é: acrescenta-se a tristeza do ânimo caído ao fato de se ter consciência de ter sido e agido melhor em algum dia anterior.
Quixeramobim == Ah, meus outros tempos!
na tradução espertamente experta do grande José de Alencar, cearense tão injustamente difamado por todos meus colegas de ginásio, que foram forçados a lê-lo.
E por mim também, infelizmente.
Mundo cruel, cheio de tristeza e injustiças, diria algum bolero.
S. Paulo, 21 de junho de 2003
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