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Poesias-->SEM TÍTULO -- 02/10/2001 - 08:53 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Neste mundo de técnica,

em que o homem é máquina,

a aperfeiçoar uma engrenagem

de existenciabilidade,

o prazer da descoberta,

a se sobrepor à criação,

é terrível, é imagético,

não nos chega ao coração.



Eu quero romper com tudo isso

em mim mesmo,

como uma coisa que não é aqui

senão um pensamento.

E tenho que me ordenar entre os fantasmas circunstantes —

envolventes —,

não sendo nem sequer como o livro que não tem consciência de que é livro

e que, por isso, permanece.

A matéria não é dura.

Eu é que sou mole,

estapafurdiamente mole.

Não chego a ser nem combustão,

mas sou apolíneo,

claro,

refulgente e transparente,

brilhante,

multifacetadamente luminoso,

e quero ser escuro,

tenebroso,

escondido, oculto,

como todos os mistérios que me cercam

e me envolvem,

fantasmagóricos,

fantasmagoricamente fantasmagóricos,

como o eu que tenho em cada um dos homens,

que me ouvem,

calados,

mudos de espanto,

glorificando-me

dentro de si mesmos,

como se eu não fora eu mas apenas um escrito vacilante,

que nada possui de si,

mas é apenas eu,

eu,

eu,

tremendamente eu,

somente eu, que espalho minha natureza pelas esferas vibrantes que enchem o espaço e me desfaço em pedaços.

Precisava confessar-me:

não quero viver no mundo que me oferecem.

Não quero.

Nada tem o poder de enfrentar meu querer,

que é apenas meu,

profusamente meu.



Oh! Deus! Que me velais o sono

e o despertar,

e a morte,

guardai-me da certeza de que existis,

para não ter eu inveja de vossa sorte,

da sorte de ser Deus entre os mortais,

eterno entre os homens.

E que chore o mundo em desespero.

E que o nada se transforme em nada.

E que trema eu de medo do medo.

E que viva a morte em si mesma.



Que a lama do mundo não seja a origem, nem o fim.

Que o corpo não domine.

Que o espírito não exista.

E que a felicidade não esteja em si mesma.



...



E que eu não seja apenas eu.

E que a eternidade transitória desapareça.



AMÉM.



22.10.57.





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