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Humor-->Seu Barbosa e mancadas -- 18/02/2007 - 11:18 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Seu Barbosa e mancadas


Quando a manteiga do bar estava chegando ao fim, o Juca me mandava buscar uma nova lata de cinco quilos na fazenda do “Seu Barbosa”. Os dois se chamavam por compadre, mas eu nunca soube que tivessem batizado nenhum menino das suas respectivas famílias. Eu pegava a lata vazia e me metia no ônibus para Barra de São Francisco. Eu não pagava passagem porque os motoristas e cobradores também não pagavam o café que tomavam no nosso bar. Alguns quilômetros depois, uns dez talvez, descia e cruzava uma velha ponte para chegar na fazenda do “seu” Barbosa. Eu sempre chegava por volta das nove horas da manhã, era bem recebido pelo pessoal da casa e passava o resto do dia com eles. Isso era necessário porque o ônibus só voltava da Barra de São Francisco para a Vila de Água Doce depois das cinco horas da tarde. Para passar o tempo, eu subia na cerca docurral e ficava assistindo o “seu” Barbosa tirar o leite das vacas. O leite branco se destacava no balde de latão amarelo, em contraste com o oceano de bosta verde que tomava conta de tudo. Era comum caírem moscas enormes na espuma branca, onde morriam afogadas e posteriormente retiradas pelo “seu” Barbosa. Em meio ao tumulto ouvia-se a voz dele, chicoteando e gritando, botando ordem nos bezerros inquietos e safados que trepavam uns nas costas dos outros:”Cria vergonha na cara seu viado!...” Hoje não me assusto mais, estou careca de saber o que é “viado”, mas naquele tempo eu não sabia o que era e me perguntava: “Como? Por quê dizer que eram “viados”, se aqueles bichos eram todos bois e bezerros brincando de pular carniça?”
Na hora do almoço era hora de eu me lembrar da minha mais famosa mancada, que, felizmente, só cometi uma vez. Os da casa eram evangélicos fanáticos e tinham o hábito de se darem as mãos e agradecerem pela comida que estava na mesa. Proferiam umas palavras de agradecimento e partiam, vorazes mas educadamente, para a comida. No início, como eu ignorava o hábito deles, sentei-me à mesa e comecei a comer. Antes mesmo que estendessem as mãos para mim e começassem a orar eu já tinha enchido a boca de farofa. Ainda assim, acompanhei-os na oração: “pai noffo que estás no féu...”. Perdigotos de farinha voaram longe. Foi um vexame total, mas isto é outra história.
Anos depois, quando cheguei de mudança para morar em Barra do Piraí, meus conhecimentos sobre muitas coisas se consolidaram. Sem-vergonhice inclusive. No porão do restaurante onde fui trabalhar como cozinheiro, havia um cachorro preto, de propriedade do cozinheiro-chefe que se pretendia fosse o vigilante e guardião do local dia e noite. O nome dele era “Feroz”. Mais tarde, porém, descobri que o cachorro, apesar de o seu nome ser “Feroz”, era um tremendo viado, no pior sentido da palavra. E diziam que o danado gostava mesmo do negócio. Quem diria, vivendo e aprendendo!...

“O puteiro da Vila, onde fica, menino?” A zona de Barra do Piraí, o Frederico, a Soninha, o meu irmão Vává, que só dava mancadas. Ele tinha ido lá apenas para comer a Soninha, que diziam “era completa, além de apertadíssima”. O Frederico já tinha casa montada na cidade para levar a Soninha para morar com ele, “tirá-la da vida” como se dizia. Num dado momento ele, o Fred perguntou ao Vavá: O que veio fazer aqui, Vavá? O Vavá disse: “Vim para dar uma trepada na Soninha, dizem que ela é ótima, completíssima!...” Será?
Foi a maior mancada que presenciei em toda a minha vida. De outra feita, fomos visitar o amigo Gilson, um sujeito metido a rico que tinha muitos enfeites na casa. Entramos e ele ofereceu ao Vavá umas uvas que estavam em cima da mesa. As uvas eram de cera e o Vavá aceitou. O meu irmão, rei da mancada, grudou numa das uvas de cera e tentou arrancá-la para chupar. Foi um vexame total.



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